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Mostrando postagens de junho, 2010

ATOS DE AMOR

Minha mãe é fruto da roça. Oriunda de uma grande família: pai, mãe, onze irmãos. Carinho para eles era uma fala mais mansa da mãe. Abraços e beijinhos, nem sempre. A preocupação pelo sustento da prole, por parte de meu avô, era maior do que o tempo para afagos. Minha avó, segundo consta, era rezadeira e parteira, dava de si para o outro. Linda profissão, que ela exercia com o maior amor. Ela não tinha como profissão, fazia por quem necessitasse. Vocação? Não sei. Quem sabe... E o que ganhava não era dinheiro não, era prece, uma galinha, uma semente disso, daquilo. A vida na roça era difícil, porque era década de 30. Tudo longe, quase no fim do mundo... Eles não eram grandes latifundiários, tinham uma grande porção de terra. No entanto, não tinham condição de tratar desta, de maneira a se tornarem fazendeiros renomados. Quando minha avó saia para os afazeres do dia-a-dia, deixava a menina maior, cuidando dos menores. Sempre foi assim, até todos eles se criarem. Carinho? Afago? Acho que

QUEM AMA?

Ela ama também amo. Amamos, não sei, quem sabe? Nós amamos, eles amam? Amam, mesmo, ou estão de papo? Ela ama? Ou sente solidão? Essa coisa de amar dá um bom papo... Eu o amo, mas e ele? Cinco dias sem contato... Amamos? O quê? O corpo ao acender? As mãos, a boca, as pernas? Amamos? Quando estamos tristinhos? Ou apenas amamos quando alesgres estamos? Amamos o outro com mal humor? Com dor de dente, com dores nas costas? Ou logo desamamos? Fazemos barganha do amor, ou trocamos com o amor mil e uma propostas? Amamos de fato minha gente? Rafaela ama o seu nobre rapaz, bom leitor. Gente boa. Estuda muto! Eu amo minha paixão, que apareceu tem pouco tempo. Já sinto até solidão, saudade essas coisas tolas quando se ama. E eles? Eles nos amam? Pensam em nós? SENHOR, FAZEI QUE EU PROCURE MAIS AMAR QUE SER AMADA! rs Para Rafaela

Isso é São João

É São João. Quando meus pais eram mais jovens, comemoravam em casa, juntavam amigos e desconhecidos. Todos forrofeavam até de manhã. Literalmente. Uma animação típica de Festa Junina, que, hoje, não sei no que se transformou. No entanto, é entendível, já que tudo se transforma . Algumas coisas se deformam, mas... Não consigo dançar do jeito que o bom forrofeiro gosta. Mingnon, para os altos, dou dificuldade, porque em certo momento da música, a colouna pede licença para o descanso. No caso dos pequenos, aquele esfregaço da dança, causa muita excitação... Vocês entendem não é? Nesse caso a incomodada sou eu. Na contemporaneidade, o Forró virou tudo, menos o que seria. Todos os gêneros são tocados e todas as danças são arroladas nas festas, que, em geral, são apenas mistura de solidão, violência e excitação, para todos os cantos. Eu daria outro título ao que dizem ser Forró: MISTURA. Poderíamos criar outra festa típica, que antecedesse ao típico São João, com canjica, milho assado na bra

Aqui,

Vim, morrendo de medo de você ter desistido da idéia de me ver. Arrumei a bolsa, disfarçando entre meus cadernos e canetas e apostilas, um par de meias, e uma peça de roupa para usar no outro dia. Vim caminhando em silêncio, ouvindo seu poema nos meus ouvidos: João Cabral de Melo Neto ressoando em mim, reverberando em meu coração a sua voz rouca. Vim assim, tentando esconder que sinto medo, muito medo, aos já alguns anos de idade... Medo de nunca mais esquecer você. Claro, já que percorro sozinha a um ambiente onde o se, nunca mais e o nunca caminham lado a lado. Vim tendo quase certeza que todos sabiam de que estava indo com o coração trêmulo e inútil, já que taquicardia não é batimento cardíaco. Saberei apenas quando estiver lá, lá para onde vou. Lá... Será que vai esconder-se de mim e virar a esquina e pedir licença e sair? Como se não tivesse marcado nada comigo? Será que estou ficando doida? Chego, agora, a pensar que você não marcou nada comigo, tamanha a minha insegurança e afl

Saramago (agradecimento)

Saramago Muito obrigada por me desassossegar as ideias. Obrigadíssima por me trazer para a luz que deixa para sempre cicatrizes do bem. Obrigada por não me deixar em pânico, por pouco. Obrigada por fazer um belo uso das palavras. Obrigada por dizer SECAMENTE que a vida às vezes é falha. Outras vezes TAMBÉM. Mas que a criatura humana é que seria culpada. Porque você me alertou para a verdade essencial das coisas. Dos fatos. Das sentenças. Obrigada por me apresentar a Santa Clara, na figura de Blimunda. Obrigada por me apresentar a São Francisco, na figura de Baltasar. Pena que não lerá meu Mestrado em você. Já havia escolhido o tema viu? Não farei uso de sensacionalismo por conta de sua viagem não. Obrigada por me salvar da cegueira. Obrigada por experimentar da cegueira. Tanto tenho a agradecer aqui desse quarto acanhado... Tanto a agradecer aqui, desse coração abatido, mas nunca vencido. Obrigada Saramago, obrigada. Você sara âmagos adoecidos. Seja você para sempre Saramago Abençoado!

MATÉRIA para POESIA

Uma amiga disse isso para mim: Homem é assim... Belisca, prova e enche. Depois, se enche e abandona! E não liga... E nem liga... NÃO DÁ PARA SER MATÉRIA para POESIA?! rsrs

DÚVIDAS AD ETERNUM

A vida presente num alarido de coisas que não entendo; entendemos. Quando seremos melhores? Quando entenderemos de amor flor ternura paz? Quando será que o corpo não será visto como mais que a alma? Quando será que o gozo das habilidades do corpo, ultrapassará o tempo de uma noite?

CONTIGO

Contigo eu não me sinto vazia, esvaziada. Não me doem as mãos, os pés. Não doi nada. Contigo eu não me sinto intranquila, Nem despedaçada, Não me sinto culpada. Contigo eu ouço tudo Mas fico bem, calada. As palavras são dispensáveis, Sua voz basta... Contigo dá para ser feliz aos poucos, dá para ser alegre aos poucos, a tranquilidade visita minha alma. Contigo.

Pedido

encha-me de paz e não fujas mais. não fujas mais, não desapareças mais, não desistas mais. encha-me de paz e chegue para mim cada vez mais...

Ainda estou ontem

A felicidade sorriu pra mim. Eu já não cria. O dia sorriu. A noite abriu em estrelas brilhando. Eu já nem cria. A felicidade me visitou. Ouvi devagar a paz e as canções que a noite chovia. Meu coração ouviu você. A felicidade me visitou. E minha pele vicejou um tom que não mais lembrava. Vestiu-se de uma luz desmemoriada. Ontem minha pele acreditou que há amor. Ainda estou ontem. Enquanto o ano que vem não vem.

DIÁRIO DE UMA DAS DEZ VIRGENS

Em verdade, em verdade te digo que sei que o meu som não causa nada em teu olhar. Que é difícil, por dentro, nos unirmos. Bem, assim, por fora. Em verdade, em verdade te digo que não aprendi ainda a me conformar com pouco. Por isso, tanto evoco por ti. São palavras sem som, eu sei. Mas o que é palavra? E o que é som? Em verdade, em verdade estou repleta de sins. Preciso aprender a ficar plena de nãos. Em verdade, em verdade, não é pecado ser tentada, mas é preciso erigir barreiras. Solineide Maria 01/10/200

O AMOR, DISSERAM, É UM TAL FOGO QUE CONSOME

O amor, disseram, é um tal fogo que consome, É labareda que instiga uma fome Trilha que perde e de repente triste se faz. O amor, disseram, é uma luz Que se distrai. O amor Palavra mal empregada quando emitida Pois a maneira para que fora inscrita há muito anda esquecida. O amor não sei: parece luz, Parece fogo, parece brisa. E este meu amor, querido homem Agora sopra uma certeza que já não sabe Nem onde e nem quando se assegure. Talvez exista porto, casa, peito, Paragem. Mas é que o medo agora está Muito mais forte, Que a labareda que um dia ansiosa Soprou unânime, Em teu peito uma mensagem. Também queria te encontrar... Num espaço e tempo ainda possível Para te amar. Seria, no entanto, auspicioso? Fornalhas entristecidas Podem voltar a foguear? O amor, disseram, É um contentar-se de descontente. Talvez por isso melhor seria Erguer aos céus milhões de preces Para este lírico amor desencantar.

Poema de amor e de adeus

Deixe-me dizer do que eu sinto Mesmo que pareça repetido. Ainda que já tenha dito. Deixa-me dizer. Deixa-me dizer Que pressinto Que não tenho mais Forças para te perder. Deixa que o calor Do teu abraço Passe uma semana aqui Comigo... Deixa-me ser tudo O que tu queiras. Mesa, cama, banho E cinema. Deixa-me dizer Que quando acordo, Teu rosto em minhas Horas permanecem. Deixe-me ser eu mesma Deixa-me sozinha por uns dias Preciso me reencontrar Nessa travessia solitária. Deixa que eu te peça Que me esqueças. Deixa-me ser outra Que não esta... Deixa-me buscar A sabedoria. E me abandonar à solidão Dos que a localizam. Deixa-me ser mais Fundamentada... Amor é algo Que rima com migalha. Amor não leva A lugar algum. Ainda mais este, De um coração só. De uma só pessoa, De um modo de amar só. De uma só agonia. De um texto só... Deixa que antes De padecer por doença Sem causa mais louvável, Já tenha sido salva do curtume. Alma imbecil, que ama errado. Coração palhaço e sem teatro. Espírito mundano