ATOS DE AMOR
Minha mãe é fruto da roça. Oriunda de uma grande família: pai, mãe, onze irmãos. Carinho para eles era uma fala mais mansa da mãe. Abraços e beijinhos, nem sempre. A preocupação pelo sustento da prole, por parte de meu avô, era maior do que o tempo para afagos. Minha avó, segundo consta, era rezadeira e parteira, dava de si para o outro. Linda profissão, que ela exercia com o maior amor. Ela não tinha como profissão, fazia por quem necessitasse. Vocação? Não sei. Quem sabe... E o que ganhava não era dinheiro não, era prece, uma galinha, uma semente disso, daquilo. A vida na roça era difícil, porque era década de 30. Tudo longe, quase no fim do mundo... Eles não eram grandes latifundiários, tinham uma grande porção de terra. No entanto, não tinham condição de tratar desta, de maneira a se tornarem fazendeiros renomados. Quando minha avó saia para os afazeres do dia-a-dia, deixava a menina maior, cuidando dos menores. Sempre foi assim, até todos eles se criarem. Carinho? Afago? Acho que