Chego em casa, uma carta e uma cobrança. Abri a cobrança, a carta é para me abraçar, abro depois. As notícias são de violência e corrupção, e o final da novela é anunciado mil vezes... as pessoas ainda caem nessa. Desligo a TV e abro a geladeira: suco de manga, arroz e frango, escolho tomar banho. Volto para o quarto e me enxugo, boto um moleton e sento na cama, no espelho, um rosto que demonstra nada. Sem nenhuma expressão, esse rosto agora, ali, no espelho. Faço umas caretas e sorrio, só para discontrair. Sento para tomar café, não quero ouvir música, nem nada. Fecho a porta e as janelas, certifico-me das trancas: abro a carta. Saudades do meu amigo que diz que faço falta. Abraço o papel e suspiro. Tomo o café que esfriou e lembro de você, que não esqueci durante o dia. que não saiu de mim durante a noite, que sempre ficará, latente, latente, entrando, nunca saindo, nos versos e reversos de mim.