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Mostrando postagens de abril, 2019

De discursos frios e comidas quentes (Canções para Flora voltando)

Gosto de ouvir sua voz, de ouvir seu violão, gosto de olhar suas mãos magras, veias, unhas, palmas, tintas. Gosto de não ser escutada, e repetir mil vezes a mesma palavra. Daí você pergunta pela milésima vez: "O que você disse mãe"? "Esqueci"... Sempre esqueci (ço) o que ia dizer pra você. Porque, talvez, nunca tenha sido enfática. Meu discurso sempre frouxo, fraco, fino (de tísico). Fino de fraco, falho, fosco. Nunca consegui um discurso cheio, embasado, psicanalítico, sociocrítico, empostado... Gosto de quando cozinha panqueca, pipoca, bolo, massa. Gosto muito de quando faz misto quente diferente. Minha comida sempre a mesma, sem sal, sem peso, sem assinatura. A sua sempre cheia de identidade. Saudade. Saudade. Saudade. (Solineide Maria - para minha filha Flora maria - Do livro, na gaveta, Canções para Flora voltando - Luanda, 28/04/19)

Eleição 2018 (no Brasil)

No dia seguinte todo mundo acordou em um de Abril de 1964 . (Solineide Maria - Luanda, 28/04/2019)

De madrugada (Canções para Flora voltando)

Aqui sozinha acompanhada de lembranças, mãos tão pequenas, pele suave e uma estrela no sorriso. Uma lua nos olhos minguante... De onde você veio? Silêncio. Espelho pra nada esquece e aquece o seio, amamenta e acorda... Dorme, esgota a possibilidade de entendimento. Ressona, acorda sonolenta. De onde você é? Pra onde a gente vai? Escreve, rasga, joga fora. Você é tão bonita, descansa. (Luanda, 28/04/19 - para minha filha Flora. Solineide Maria)

Dois sonhos e um pesadelo

Tive um sonho estranho maluco feito agenda que a gente escreve e não cumpre. Sonhei que era assim tipo uma aprendiz de  bruxaria e que um lobo me via e queria me pegar. A ideia que me dava era a de flutuar. Tomei um líquido lá feito assim meio às pressas e tomei de um gole só. Realmente flutuava, era uma espécie de levitação forçada. O lobo não desistia, saltava alto e rosnava, até cuspia de bravo. Foi quando dei um impulso naquela levitação e caí num morro alto, uma espécie de montanha. Caí em cheio num tronco desses de cortarem lenha. Suspirei aliviada, mas não deu para um descanso. Um homem viu aquela cena, eu surgindo assim, do nada, certamente estranhou. Pensando que era uma espécie de bruxa, fantasma ou danação, endereçou o machado ao meu peito. Num gesto desesperado botei as mãos na cabeça e chamei por  Deus, Nosso Senhor, Anjos, Santos, Arcanjos. Chamei por São Bento, São Tomé, Roguei pelos Irmãos da Luz, tudo isso num triz de

CANÇÕES PARA FLORA VOLTANDO

você virá. vai chegar com pele de bebê lisa e fina. mãos de lira e uma lua no cabelo. uma estrela nos pés olhos fechados. você vai abrir os olhos quando me vir e quando eu olhar para você vou fechar as feridas. o coração será curado o seu, ampliado de paz de amor, de mais coração. você vai sorrir um sorriso que nunca houve ainda não sei explicar esse sorriso assim, com palavras. nem sem palavras, e nem cem palavras. minha alegria? não sei descrever, sopraram-me que, talvez, mas isso é talvez, talvez sucumba de tanto contentamento. dessa hora em diante serei toda semente, aprendiz da felicidade eterna. você virá! Para Flora Maria (minha filha) 27/04/2019

feijão com arroz

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acredito que amar é assim, a vida toda um perto do outro, juntos. mesmo quando estão entendendo que não conseguiram, ainda, o melhor jeito de amar. não julgo mais o jeito de amar de ninguém, porque eu tenho de julgar a mim mesma. faz pouco tempo comecei a me julgar. tenho me culpado quase todas as vezes. ordeno de mim para comigo, prisões longínquas. hoje, por exemplo, fui solta de uma prisão em que estava faz uns anos, mas fui condenada novamente, por recalcitrar no erro de falar muito. dessa vez fui para a prisão da terra da mudez. ficarei alguns meses. por isso voltei a escrever. comecei a ler mais, novamente. tenho percebido o motivo de os extra-terrestres se comunicarem por telepatia: o pensamento sai direto da fonte, sem desvios, sem lixos emocionais. a emoção vulgar é que suja a linguagem. estou a perceber... mas voltando a foto de meus pais, devo dizer que estão se acertando bem. um dia desses ela disse assim "Louro é bom esquecer né? daí você esquece as besteiras que