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Mostrando postagens de julho, 2011

Reflexões matutinas sobre a traíção

Hoje a manhã me despertou, Mas fiquei presa ao cobertor Pensando em vão sobre a vida, Já ensaiando a despedida. Trair é feio, é indigno. Ninguém merece essa surpresa, Nem mesmo herdeiros da torpeza. Nem eu nem ti. É uma vileza... Olhei num susto para o relógio Era tão cedo, mas foi-se o sono. Saí da cama e olhei no espelho Trair é coisa de forasteiro... Para Silvana Barreto.  "Tudo passa, tudo passará" ...

Diálogo de duas inocentes (sobre o acaso, desejos e necessidades)

A ternura é amiga. Companheira dos momentos Onde a saudade se ausenta. Chora e ri comigo. Toma a cadeira e senta, Fala longamente sobre Tudo, E, sobretudo, sobre nada. Um acaso lembra que somos Quase iguais: A pétala que caiu No santuário. A rosa despetalou De velha; Ela falou e riu. Sorri e olhei, e vi. Onde você esconde o abridor? Ela perguntou. Respondi que não tinha, Se tivesse usaria Para abrir a porta de minha Alegria. Ela disse: é isso que quero Fazer. Com a garrafa de vinho numa Mão, e na outra Um garfo velho e torto. Abriu. Sorriu. Sorrimos Bebemos vinho, Falamos sobre o acaso De termos, as duas, Quase a mesma idade. Ela confessou, Talvez para me alegrar, Que é mais velha. Eu disse: não parece. Não foi para agradar Falei a sério. O acaso nada sabe de mentiras. O acaso é um joguete acriançado Das séries muito velhas, Das novelas Dessa antiga Raça humana. A ternura parecia um tanto Agreste. Fiquei triste, melanc

REFLEXÃO ÍNTIMA (para uma possível Reforma Íntima)

Eu não caminho direito Olho o relógio e não vejo o tempo. Olho o relógio e digo que não vai dar tempo. Olho a vida e esmoreço... Olho para mim e quase esqueço Que meu caminho eu que traço; Sem régua, Sem compasso. Eu que faço: Sem nota de música, Sem fundo musical, Sem solenidade... Eu quem escrevo: Sem professor que corrija Todo o material. Sem correção textual... Eu não caminho correto, Leio e leio e nada guardo Na alma, pobre, pobre, lamacenta de coisinhas tolas que guardo. Bugigangas que deformam meu cristal... Estou cansada, cansada. De tudo. E de nada.

PARA MEUS AMIGOS

Não mereço ter amigos.  Porque não retribuo na medida do possível,  nem do impossível.  Em geral, sempre é falho o amor humano... Por isso peço a Deus, em prece, que seja amigão dos meus amigos todos. Que Lhes Seja presente, e que Lhes ampare e livre de todo o mal, Amém, Amor.

A CARTA

Era uma vez uma carta. Ela foi escrita e foi guardada. Com o tempo amarelou. As palavras, que eram vivas, já nem lembravam seu teor. O remetente morreu de esperança. E o destinatário, suicidou... A carta, ficou para sempre esquecida e o tempo (que tudo sabe e tudo vê), deu conta de enterrá-la no cemitério das cartas (em vão escritas) de amor. Assinado, Solineide Maria de Oliveira

TA MESMO TUDO BEM?

Um homem ri e pergunta se estou bem, Não digo nada e sorrio abaixando a cara. Ontem era dia de pagar o cartão: Farmácia e mercado, mercado e farmácia... Levanto com tudo cansado Ombros e unhas... A moça pergunta se tenho vinte centavos, Ela diz que não tem trocado Eu digo que tudo bem. Saio e sinalizo para o homem bêbado, Ele é pedreiro (quando consegue). Ta tudo bem... Não sei que horas são, Mas acho que dá tempo de tomar banho e café Antes de ir para o Curso. Quando volto nunca dá... O rapaz pergunta se tenho trinta centavos, Eu digo que tudo bem. Ele justifica que não tem moedas Eu sempre minto...

NOTA DE FALECIMENTO DO IPEPI

O Hospital Infantil IPEPI morreu ontem às 22:00 horas. A causa da morte: insensibilidade do Estado, dos políticos, dos que não precisam de hospitais infantis públicos. O IPEPI vinha sofrendo faz tempo. Tentou sobreviver, mas a insensibilidade, sobretudo a política, é uma doença muito grave... Acomete justo os que fazem o bem e quem é bom. Daí que por ser o Bem - e o homem de bem - ético: o mal acaba vencendo... Tem vencido. O IPEPI tinha 45 anos e deixa 5 mil filhos por mês (consultas) sem "eira nem beira". Solineide Maria já foi muitas vezes quando criança, com sua mãe, ao IPEPI, para consulta ou pronto-atendimento. Ficou sabendo ontem, quando levou sua filha para um pronto-atendimento médico, que o IPEPI morreria às 22:00.