Eu pego o metrô news, mas vou a pé. Vejo o dia alargar-se para a vida dos transeuntes, viventes e passantes. Passageiros da vida diária, seguimos para o trabalho: para pagar o aluguel, a comida, a luz, a água, o gaz e o telefone. Vejo o dia alargar-se pesando feito dilúvio na vida dos pobres de tudo, dos desgraçados da sorte, dos que não dormem e nem acordam, nos passeios, nos viadutos, nas vielas, pontos de ônibus. Alguns postes, algumas portas de casas e de lojas. Parecem destroços de uma vida, não parecem vida humana... Não aparentam ser cão, nem gato. Não aparentam ser nada... Eu pego o metrô news, mas vou no sol, na chuva, no calor, no frio. Vejo a cidade abrir suas asas descompostas, pesadas há muito tempo, não cabe mais gente aqui, não cabe mais nada aqui. Sinto pena da cidade maltratada, maltrapilha, malfadada, mal amada, mal amanhece outro dia. Sinto pena da cidade, crescendo feito m