450 ANOS DA CIDADE-MÃE

Eu pego o metrô news, mas vou a pé. 
Vejo o dia alargar-se para a vida dos transeuntes, 
viventes e passantes. 
Passageiros da vida diária, 
seguimos para o trabalho: 
para pagar o aluguel, 
a comida, 
a luz, 
a água, 
o gaz 
e o telefone. 


Vejo o dia alargar-se 
pesando feito dilúvio 
na vida dos pobres de tudo, 
dos desgraçados da sorte, 
dos que não dormem 
e nem acordam, 
nos passeios, 
nos viadutos, 
nas vielas, 
pontos de ônibus.
Alguns postes, 
algumas portas 
de casas 
e de lojas. 


Parecem destroços de uma vida, 
não parecem vida humana...
Não aparentam ser cão, 
nem gato. 
Não aparentam ser nada...
Eu pego o metrô news, 
mas vou no sol, 
na chuva, 
no calor, 
no frio. 


Vejo a cidade abrir suas asas descompostas, 
pesadas há muito tempo, 
não cabe mais gente aqui, 
não cabe mais nada aqui. 
Sinto pena da cidade
maltratada, 
maltrapilha, 
malfadada, 
mal amada, 
mal amanhece 
outro dia. 


Sinto pena da cidade, 
crescendo feito mãe gorda.
Tombando, mal da saúde, 
mas tem que fazer café.. 
Tombando, mal das finanças, 
mas tem que arranjar trabalho. 
Tombando, mal da escola, 
mas tem de alfabetizar.


Quase caindo de cheia, 
de inchada, 
de gorda, de cansada,
mas tem de acalentar. 


Eu pego o metrô news, 
mas vejo muito mais se vou a pé. 

Metrô News é uma publicação do Metrô de São Paulo. Escrevi este poema para homenagear a cidade de São Paulo, em seu aniversário de 450 anos.
http://www.metronews.com.br/metronews/f?p=287:25:2797989033000893::::P25_ID_GALERIA:1781

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