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Mostrando postagens de novembro, 2011

NATAL (hora de comprar)

Meu Deus, o Natal de novo se anuncia. Na verdade, as compras encabeçam a lembrança de tão doce confraria. Insisto em crer que tudo faz sentido. Que um vestido novo, tem lá o seu brilho. Insisto em acreditar que a fartura que aparece na mesa, em meu lar, não é afronta aos meus irmão famintos... Tento firmemente convencer-me, que a doce mão que me abraça no Natal, não me faltará no Ano Novo... Sabe Senhor, permito-me esquecer que há muito tempo o Natal é bolinha brilhante onde nosso reflexo não queremos ver. Tento esquecer que os enfeites não adornam a mentira, a vileza, a avareza. Não enfeitam um coração tristonho, nem a mais terrível falta de gentileza. Quero crer que ao menos por um dia, os homens sejam dignos de paz e Poesia. Perdoe-me meu Deus por minha prece, que é bem pouca, pueril e pobre, mas suplico mesmo assim o Vosso olhar. Dez. 2010

PRECE (POR CAUSA DE UM POEMA)

“esta fome de tão pouco me confunde”. Velai por mim Nossa Senhora do Bom Costume. “esta fome de tão pouco me confunde”. Amparai-me Nossa Senhora da Boa Esp-Era! “esta fome de tão pouco me confunde”. Rogai por mim Santa Maria dos Acordados... “esta fome de tão pouco me confunde”. Livrai-me de todo o mal doce São Francisco dos desarmados... Para Genny Xavier   (minha eterna Professora Regente) Este verso: “esta fome de tão pouco me confunde”, adorna um poema da poetisa Genny Xavier.  O enderço do Blog da autora é: http://badeguardados.blogspot.com/

MONOTONIA

Está chovendo. O café não resolve o frio. As notícias são as piores. Todos estão corrompidos, parece. Onde é a saída daqui? Diz... Onde é a saída para onde esteja a paz, a poesia? Está chovendo. E nada aquece... Nem café, nem cobertor, nem música, nem Literatura. Nenhuma coisa que aquece (hoje) me aquece...

Deve ser bom ser freira

Lavar batina todo dia, enxugar o chão e coar café. Deve ser bom fazer isso tudo por amor a Deus.  E deve ser bom não se irritar com filhos, mas se doar aos meninos que chegam à creche. Amparar e cuidar.  Dizem que freira é tudo nervosa, porque elas não fazem um monte de coisa que uma mulher comum faz. Será?  Elas não cuidam do marido que acorda de mau humor... Não levam os meninos à escola... Não labutam com “a outra” nossa de cada dia... Não deve ser... Acho que as freiras são felizes... Porque Deus não trai, Jesus é fidelíssimo e Nossa Senhora abençoa Amém. Este texto foi em resposta à uma amiga que afirmou que ser freira é estar perto de Deus. Discutimos sobre o assunto - leigamente - claro.  Fiquei com a conversa na cabeça... Depois de escrito, descobri que uma freira faz muito mais do que o exposto, a partir de informações de uma amiga de minha amiga.  Respeito as freiras, padres e todos aqueles que buscam sua maneira d

PARA MACABÉA

A noite estava perfeita, tinha até fogueira... Ao longe, o som de alguma lembrança quase esquecida, avisando que já eram trinta e dois. Eram férias. Trinta e dois dias de alegria colorida, com as recordações das ruas tão familiares. Trinta e dois anos... Muito perto do coração selvagem , umas dúvidas pesadas e cansadas afastavam o sono perfeito. Dentro da casa uma mesa rica, com comidas bem típicas, a Bahia tem um jeito... Certas pessoas do passado telefonando, para dizer não sei bem o quê, mas para dizer. A noite gerando uma animação pós tristeza, mas a tristeza incide. O sintoma mais forte da falta de coragem é a saudade incessante dos que se foram, dos que sumiram, do que não deu certo, das coisas que não aconteceram do passado. E no canto, o vazio incômodo da certeza que nunca chegava. Nunca chega. Afastados de mim, todos os melhores sentimentos... O caldeirão da vontade borbulhando, louco, insano por alguma realidade

ADEUS

Adeus, não se diz outra coisa para quem nunca quer ficar. Adeus, só se poder dizer isso quando não se sabe ficar. Adeus, afinal - eis a única palavra que realmente vivemos dizendo uns aos outros. Solineide Maria

PARA QUE SERVE DIZER A VERDADE? (Para Rafaela)

Escrevi uma carta pra você: Rasguei. Menti tanto... Disse que estava tudo bem Sei... Inventei que durmo direito e que o sono está ótimo. Disse que saio pra passear  quase todo domingo. Rasguei... Escrevi um e-mail pra você: Apaguei. Disse tanta besteira, Tanta asneira, Tanta tonteira... Não enviei... Deletei. Não deveria mentir então, voltei a lhe escrever. Dessa vez, um poema sincero Sem rima nenhuma, Sem mistério, Sem arte moderna, nem clássica nas entrelinhas dos versos Que nem são versos... São frases dialógicas. Escrevi um enunciado diferente: deixei em cima da mesa. Não guardei, Deixei ali. Olhando-me, Olhando para mim... Com pena de mim, Querendo lhe encontrar para se dizer. Para dizer que estava com dó de mim Mas você não está por perto. O poema diferente, inacabado, (feito "O homem de nariz quebrado") não revisado... Ali, a não sei quanto

Bilhete para Rafela

A Rafaela é uma amiga que mora longe. Lê minhas coisinhas, deixa recado e bilhete. Gosto de ler seus comentários. Sempre imbuídos de críticas emocionadas. Sinto sua falta...  Sinto falta de sua atenção, mesmo quando minhas falas nem eram tão interessantes. A gente acaba deixando as pessoas partirem cedo demais, ainda que estejam por perto.  Elas não partem porque morreram, partem porque a gente não dá conta de efetivá-las perto de nós. Entende? Certa vez, um amigo que mora em São Paulo me disse assim: _ Soli, a gente não se gosta de verdade, porque se gostasse, se aproveitaria. E não é que Antônio tem (tinha) toda razão... A gente fica se dizendo amigo e cadê? Cadê que não "é" efetivamente amigo. Visita pouco e mal. Fala com o outro pouco e rápido... Quase nem fala, quase nem vê... Cutuca... Rafa: este bilhete é para dizer que sempre amarei você. Aqui, lá, ou aí!  Em qualquer lugar. Soli

EU NÃO SEI CONTAR POEMA

Eu não sei contar poema Perdoe-me. Não sei mesmo escrever, É tudo trama. Eu não sei ler um poema Desculpe-me. São eles que me dão Leitura e amor. Nunca soube também Amar direito. Isso – creio - já te disse Mas repito. Tenho mesmo muitas falhas... Mas suplico: Tende piedade de mim Rogai por mim.

Palavras I

Procuro palavras que guardem minha face obscura. Não posso encontrá-las. Elas escurecem se escureço. Aclaram se me aqueço. Palavras, palavras... Doces elementos de me desordenar.

Quem matou Michael Jackson?

O mundo matou Michael Jackson Aceitando seus temores. Os amigos mataram Michael Jackson Quando não disseram:  “_ O que é isso agora? Tome tento!” A família negligenciou sua moléstia De não conseguir seguir sem maquilagem. E ela também o matou... A imprensa matou Michael Jackson Arrancando uma por uma suas defesas. Esse médico matou seu cliente, tem médico-monstro... Michael Jackson matou Michael Jackson Que em verdade não era afortunado. E que agora aspiraria uma chance para Fazer diferente...

Para Carlos Drummond de Andrade

Antes que faltem palavras Meu querido amigo, Escrevo para você: Carlos Drummond de Andrade. Faz anos que fostes para além Das paredes deste mundo. Mesmo assim (ou por isso mesmo) Todos cantam suas falas. Vê-se de tudo: TV, Ipod, Internet, Todo tipo de mídia Mas nada abate sua poesia. Há muita falta de assunto Carlos Drummond. Mas não por isso te lêem: É que você alumia. É que em você, A poesia é obra vasta De muita (toda) euforia Das palavras. Tanta gente lhe visita Em Itabira. Tantos posam para foto Perto de sua estátua. Carlos Drummond Que ironia, Até eu quis escrever Um artigo muito bom. Um professor de Semiótica E outro de Filosofia Ampararam minha ousadia. E põe ousadia nisso! Queria mais de você... Sair por aí ouvindo A sua doce poesia, Sua magoada poesia. Carlos Drummond de Andrade Há catorze anos estou nua. Quem disse que não sou forte? “O c