No tempo do abraço
Era no tempo de sorrisos fáceis quando a alegria era banho de bica ou banho de chuva. A alegria era ficar na rua até tarde. A alegria andava descalça. Era o tempo do arroz doce em tarde chuvosa, era a mãe jovem administrando as "pingueiras". A alegria era o pai de óculos castanho descendo a ladeira em direção à nossa casa: com banana da terra, quiabo, abóbora e cacau no saco de estopa. Era a feira de frutas da semana. Muitas vezes havia carambola, jambo, cajarana. A cajarana, a gente comia com uma pitada de sal no pires. A alegria era comer cajarana acompanhada de uma pitada de sal no pires. A alegria era a roupa cheirando à sabão de pedra. A alegria era o cheiro da comida de mainha. A alegria era painho a bagunçar nosso cabelo com seu carinho de dedos em nossa cabeça, em forma de guarda chuva fechando. A alegria era a janela tapada com tábua na hora de trancar a casa (para todo mundo ir dormir). A alegria era mainha a servir cocada de coco. "Só um pedaço, as outras