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Mostrando postagens de março, 2012

Solicitação de viagem

Deixe-me ir embora Senhor, para um lugar onde possa. Para um lugar onde seja. Para uma paisagem melhor de mim.

Descuido

Sinta o rumor da passagem diária, escoando por suas mãos, o tempo indo, voando... trapaceiro. Longe... longe vão ficando os passos, a calçada da infância, o último dente de leite, a voz de nossa mãe avisando: vai chover, leve o guarda-chuva. A apreensão de crescer, o medo de não entender. A angústia de separar-se dos colegas, da escola, dos amigos, dos amores... do instinto de sobrevivência. Porque chega uma hora  em que o instinto de sobrevivência: falha. Ou porque vamos ficando mais velhos,  mais cansados... Ou porque somos mesmo  “homens de pouca fé”: falhamos. Ou por isto, ou por aquilo.

Às vezes o amor é assim

O amor não é o que dizem: ele pede que se lute, que se arranque o coração. A ferro e fogo é o amor. Tem caminhos tortos, tem mãos e pés grossos, tem o clima instável. Mas só até conseguir casa, lar, morada. Depois fica calmo. As armas são esquecidas, o coração transmutado. O clima se instaura favorável. Pés e mãos se amaciam, na leveza da paz indiferente.

Inflluenza?

CHOVE CHOVE CHOVE: frio. COF COF COF: virose.

Desejo de viagem

Amanhã quero ir para longe, nem que seja só por um instante: ficar perto de quem diz que ama, essa minha alegria infante.

Sofrimento de um amante

Eu sofro feito um poeta que escreveu um verso: lírico, belo, original, mas não pode assinar. Sofro essa paternidade que não pode se dizer, que não se mostra, que é abortada... O verso ali a me olhar mas sem poder falar: meu pai, minha mãe! Como dói meu filho...

Para Manuel Bandeira (um meu outro amor lírico)

Pasárgada não tem muito dessas coisas que se anseia. Na porta tem tabuleta, dizendo em letras foscas: Não seja besta! Não seja bobo de querer mais do que mereça. Pasárgada não tem muito do que se pensa. Comer se come, mas mal, não tem cerveja. De noite tem uma luz que é só tristeza; o céu lá é mais cinzento, não se alucine. Não se iluda meu querido e bom poeta Também já quis outro lugar, já quis mais festa. Também cri serem mais serelepes Outras promessas... Desiludi examinando outros lugares: Outros canteiros, outros jardins, Outros altares. É tudo igual. É dentro mesmo que está a chave.  Solineide Maria Inverno de 2008

O Anonimato

É mais gostoso o doce anonimato: suave encanto para todo amante, enlevo para os crentes da poesia, luz de amor acesa em todo canto.  É melhor a voz do anonimato  a inspirar sonetos delicados; abrindo o peito feliz à fantasia  compondo só - canções de alegria.  O anonimato é chale contra o frio: é a paz do corpo em febre de agonia, é lápis para o papel da solidão.  Querido amigo é o bom anonimato:  fica calado quando o sono pede,  tagaralela se o peito necessita.

Navegação possível...

Vou seguindo velhos barcos. Embora a alma careça de novas rotas.

Humanos? Quem sabe um dia...

Ainda somos seres. Humanos? quem sabe um dia...

Menino de Rua e Menino de Shopping

O menino de Shopping sabe de bolinhas coloridas e sanduíche: de carne de minhoca. Sabe também da morte triste de uma dondoca, que compra roupa mas em verdade sempre está nua - exposta... O menino de rua, não é de rua, só não está em casa. Na rua ele entende que a vida é dura, mas até gosta, quando encontra  uma pipa  boa  num lixão qualquer! Arremessa alegre todos seus sonhos à São José. E lá do céu, São José triste e envergonhado, não pode (ou não deve) mudar de vez o rumo de tais histórias...

Oração - Faz-me ser pão e poesia...

Meu Deus, não me deixe ser apenas pão ou carne que satisfaz... Quero ser poesia. Ou muito mais que isso: quero ser a paz de acolher de abraçar. Ser  e ter pão e poesia.

As Mulheres e Cristo

Quem lavou os pés  e enxugou os cabelos de Cristo? Quem mandou-lhe voltar para casa, com autoridade? Quem chamou-o no canto e pediu, sutilmente, "um milagre supérfluo"? Quem foi que Ele pediu que João protegesse, depois que partisse? A mulher certamente tem um quê a mais entre as gentes...

Uma evolução chamada MULHER

Nunca quis ser feminina, apenas fêmea. Amar e ser amada. Ser amada e ser cuidada... Depois cresci. Hoje consigo ser o que quer que seja que precise ser. Sou pai e mãe, companhia  e companheira. Tudo ao mesmo tempo, tudo a seu tempo. Consegui evoluir: sou mulher.

TEMPO DE ESCOLA

As enciclopédias compradas na porta de casa, eram para ajudar nas pesquisas escolares. Todas elas muito bem apresentáveis, capa, contracapa, o lustre ilustre das imagens e dos desenhos.  Ali estavam os grandes vultos brasileiros : datas importantes, geografia, e tudo o mais que houvesse.  Ajudavam, certamente. Pesquisas escolares àquela época eram como uma espécie de "recreação" escolar do fim de semana. As prestações eram pagas religiosamente. Dinheirinho juntado com afinco por minha mãe. Às vezes economia do leite, do pão, do açúcar, da mistura...  Sendo, dessa maneira, pagas também por meu pai.  Meu pai trabalhava na Ceplac o dia todo e "deixava" por conta de nossa mãe a educação dos filhos.  Algumas vezes não entendi tanto silêncio, quando ele, voltando do trabalho se encerrava em frente da televisão. Outras, não entendia a falta de contato físico dele conosco, com minha mãe, com a casa...  Raramente entendemos as coisas na hora exata.  Hoje, rememoran

Tem uma pedra no caminho...

Tem uma pedra no meio do caminho... Tem muitas pedras perto de onde moro. Tem várias pedras no Novo Horizonte . Tem pedras muitas no Pau do Urubu . Também tem pedra no charmoso  Goes Calmon . Dizem que tem, também, no Zildolândia , e ouvi dizer que tem demais no Jaçanã . No  Califórnia  nunca foi novidade, no Caixa D'agua , lá no Santa Inês. Tem uma pedra dura de derreter no meio do caminho de quem já tem peso demais para vencer. Nos mais distantes morros tem "a pedra" e tem de monte no Centro Comercial . Entre os pequenos e os mais maduros... Tem pedra quase em todo fundo de quintal. Passou do meio do caminho para aqui ali acolá. Tem uma pedra no meio do caminho que pode ser um câncer terminal.

A IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO TEXTUAL

   Para escrever é preciso ter o que dizer. Para isso, é imprescindível que sejamos leitores, bons observadores e, sobretudo, escritores. Sim, porque quem escreve é escritor. A escrita e a leitura estão imbricadas. Difícil responder quem nasceu primeiro...     Quando escrevemos, exercitamos nossa capacidade de composição, e não é nada demais fazer isso, basta ter o mínimo de organização. Vejamos: se formos escrever uma carta, por exemplo, temos um destinatário (aquele que receberá a carta). Escreverei, então, para essa pessoa. E o que escreverei? Sobre os assuntos que me ocorrerem, ou, algum assunto em especial. O corpo do texto será organizado, para que o leitor não se perca na leitura das notícias.  A carta, então, será organizada assim: Cidade, data e ano; um vocativo (nome do destinatário ou saudação), o corpo da carta (os assuntos, a minha escrita). Por último, a saudação final e a assinatura.     No caso de adentrarmo-nos no universo da poesia, também necessitamos de um te

Do elogio

O elogio é o batom do carinho.

Satisfação carnal

Mão sorrateira abre...  arreganha...  Satisfaz-se com a geladeira. Para Clinio - O Mestre do haikai. Uma singela homenagem em forma de brincadeira.