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Mostrando postagens de julho, 2010
Não saia de repente. Guarde a chave da frente e volte quando quiser. Não fique sem palavras, entre e sinta-se a vontade quando der na telha de querer voltar.
As palavras me pegam de surpresa. Todo dia é assim e sobre a mesa nem sempre há exatidão. Exatidão não é coisa da palavra. Elas colhem em nós o mais difícil de expor, de descrever. Fatalmente "erramos" em algum trecho do discurso: falado ou escrito. Inda tem a ortografia e a gramática! Meu Deus! Essas orações todas que existem... As palavras seguram no meu braço, pedem voz. O que faço! Às vezes desespero. Porque nem sempre consigo bem dizer... Então lembro que antes era o nada E que Deus deu assim de dizer: FAÇA-SE O VERBO! E Ele habitou entre nós. Por isso, peço a Deus Muita coragem, Muita sensatez e mais Adestramento. Tudo vem Dele e para Ele deve ser. Amém!

AGRADECIMENTO

Deus é tudo. É Pai e Mãe, Irmão e Primo. E sete vezes Perdoa. E Setenta vezes sete Perdoa. E se zanga, mas não joga a gente fora da proa. A gente prossegue, em outros convés da mesma embarcação VIDA. Obrigada meu DEUS pelo dom da VIDA e da palavra escrita.

Filho: ter ou não ter?

Filho é coisa de outro mundo. Doi as pernas, cresce o útero, pesa, bole e esguincha, a mãe (serena) sorri... Filho é assim. Causa streas, causa inchaço, causa dores quase inumanas: mas passa depois que nasce. Filho: ter ou não ter? Como saber da boa sensação do olho no olho na hora de amamentar? Como saber da agonia de febres hediondas, e da queda de cima da estante? E como descrever a alegria do abraço da mão tão pequenininha no nosso dedo polegar? Filho: ter ou não ter? continua...

PARA TODOS OS AMORES-QUASE VIVIDOS

Ainda que amahã não seja tarde a tarde que me vem, que seja dia. Ainda que amanhã as seis da tarde Você nem lembre mais dos nossos dias... Ainda que me esqueça lá no fundo, vai sempre existir a agonia de termos visto alguns luares nus exercerem em nossos olhos simbologias. Esqueçerás tudo o mais, quem sabe amanhã, quem sabe um dia. No entanto, não poderás jamais, apagar de tuas linhas, resquícios de minha poesia.

SEPARAÇÃO AMIGÁVEL

Quando for embora lembre de acordar mais cedo e não fazer barulho. Reflita que não terá outra chance escovando os dentes. Repense: é isso? Quero ir para nunca mais, eu aguento? Lembre que amanhã vence a antepenúltima parcela desse apartamento. Nosso? Dividiremos então? Lembre-se de cancelar com o homem dos armários. Lembre-se que a escola dos meninos aumentou. Este mês eu pago... Esqueça tudo o mais que ontem a gente se falou... Muita bobagem. Até que durou. Vinte anos! Depois a gente se fala. Não foi sempre assim? Depois, depois, depois...

Capaz V

Talvez minha emoção Seja muito frágil, E canse logo. Anda aflita (coitada) por Palavras Que digam mais Do que frases desconexas. Capaz...

Capaz IV

Capaz que seja amor o que se sente, quando o sexo pega, abraça e come. Capaz que seja apenas fome. Capaz? Para responder à Rafaela, sobre romances indecisos.

Capaz III

Na escrivaninha está perdido o meu diário. Enquanto busco uma palavra que fale baixo, procuro ele. Diários são viagens ao contrário. São coisas ditas de algum modo, especial. Às vezes são a terapia fundamental. Capaz...

Capaz II

Minha poesia está perdida, abre a geladeira várias vezes durante a noite. Não é comida o que deseja. Minha poesia está tristíssima; chorou, ontem, de saudade. Acho que nela funcionaria um certo abraço. Capaz...

Capaz...

Minha poesia está fraquinha, Deve ser o inverno. Essas manhãs frias. Deve ser a falta de sua companhia. Capaz...

NO BANCO DO BRASIL

Vim abrir uma conta. A moça que abre conta não veio. E agora? E agora nada. Só amanhã... Mas eu preciso dessa conta pra hoje! É, mas não posso fazer nada. É assim mesmo, vocês não fazem nada, nunca! Meu Deus que absurdo! Aqui ninguém trabalha mesmo. Próximo...

Água pura

Onde será que há Que existe Ainda, Alguma coisa que seja leve E que o medo ainda não tenha erguido Suas mãos de covardia E pressa, e preguiça? Onde será Que a alameda é mais bonita E que as árvores sejam Enfeitadas de um verde-verdadeiro; Folhas, folhagens, fidelidade Sã da natureza em festa? Onde será que a palavra “amor” Não tenha perdido a beleza, O viço, vozear da verdade De uma verdade que onde será Que há? Onde, a verdade? Há verdade? Onde será que meu amor Por você foi parar? Andou tanto, Pra lá Pra cá, Parou. Onde será? A onde está? Será que algum vento, vadio, virulento Levou meu amor por você? Onde a paz que nunca descansa, Querendo existir Está gora? Sentada na sarjeta de uma Praça pequena e pobre? Pensar que ontem, Algum tempo atrás, Pouco tempo; Estive a ver meninos Brincando de bola de gude, Ouvindo o som da chuva numa janela Lilás-desbotante. A alegria era a brandura, A verdade existia, era pueril. Onde está a primeira palavra Aquela que não foi verbalizada Em palavra, p