No tempo do abraço

 Era no tempo de sorrisos fáceis

quando

a alegria era banho de bica

ou banho de chuva.

A alegria era 

ficar na rua até tarde.

A alegria andava descalça.

Era o tempo do arroz doce

em tarde chuvosa,

era a mãe jovem

administrando as "pingueiras".

A alegria era o pai de óculos castanho

descendo a ladeira

em direção à nossa casa:

com banana da terra, 

quiabo,

abóbora e cacau

no saco de estopa.

Era a feira de frutas

da semana.

Muitas vezes havia carambola,

jambo, cajarana.

A cajarana, 

a gente comia

com uma pitada de sal no pires.

A alegria era comer cajarana

acompanhada de uma pitada de sal

no pires.

A alegria era a roupa cheirando

à sabão de pedra.

A alegria era o cheiro da comida

de mainha.

A alegria

era painho a bagunçar nosso cabelo

com seu carinho de dedos 

em nossa cabeça, em forma de

guarda chuva fechando.

A alegria era a janela tapada com tábua

na hora de trancar a casa

(para todo mundo ir dormir).

A alegria era mainha a servir

cocada de coco.

"Só um pedaço, as outras são para vender."

A alegria sempre foi simples.

Quem entendeu 

foi feliz.

Autora: Solineide Maria-Sol de Maria.

14/08/2020

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