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A felicidade possível...

Quem não tem rosas,  colhe qualquer flor do campo  e coloca sobre a mesa:  no jarro mais simples do mundo.

Dar adeus...

Dar adeus é dar à Deus nossa vontade de ter ficado. Para Iza e todos que sofrem por dar adeus...

O despertar da realidade

No sonho, acordava no teu barco. Preparava o desjejum como se assim o fizesse há séculos. Uma mecanicidade autêntica das donas de casa e de seus homens. Embora o mar estivesse marulhento, conseguia equilibrar coador e pó. Depois, arrumava tudo numa bandeja, forrada com um pano bordado delicadamente com nossas iniciais e levava para ti. Tu não estavas, e a cama arrumadíssima denunciava que era hora de despertar, inclusive, da realidade. Do livro Ali longe no mar, de Solineide Maria de Oliveira. P ublicado em 2010. Editora Scortecci (SP).

Poema de esperar alguém

Espero-te tranquila do alto dos meus medos, pensando as alegrias que tuas mãos trarão.  O gosto do teu beijo, a fala singular,  teus braços enredando meu melhor endereço.  A vida mais segura. Quem sabe até sem peso...  Espero-te serena contando as madrugadas,  escrevendo poemas que já chegam crescidos.  Poemas já pensados, poemas já vividos,  poemas que vingaram por conta do teu riso.  A vida mais bonita por conta dessa espreita.  Eis que quando aqui abordes, tenhas cuidado comigo.  De tanto esperar, tornei-me mui simplória.  Espero-te tranquila abobalhadamente.

Resposta a lápis

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Professor Doutor em Linguística Odilon Pinto lá atrás, o mestrando Agildo (meu amigo) Vale, quando lhe aprouver, uma poesia a lápis,  dizendo do escuro em que me encontro,  das dúvidas  que terei a duras penas  de extirpá-las  do meu cérebro confuso?  Vale dizer que sinto  amor  pela sabedoria,  mas os vales me afastaram para longe,  e só agora ch eguei nessa "torre"?  Vale dizer que li muita coisa,  mas não sei tudo...  E que li muita coisa,  mas entendi pouco?  E valeria ser tão franca,  mas tanto,  a ponto de chorar e de sorrir,  tendo nas mãos apenas incertezas?  Vale alguma coisa a minha humildade?  Tem mesmo pouco valor algumas palavras a lápis?  Uma carta, um bilhete,  “um verso talvez, de amor?”    Março/07  Para o Maravilhoso Professor Odilon Pinto de Mesquita Filho.

A coleção da vida

Do tempo vivido escoado pela vida, ficaram essas lembranças, formaram-se essas feridas. Todas têm nome e cor: as lembranças e as feridas. Ao redor, a alegria contornada com caneta-luz: para ofuscar as feridas e enfeitar as lembranças.

VISITA

Sua casa cheirava a esconderijo de mulheres solteiras e solitárias. Dentro dela não cabiam vozes. Apenas sussurros, no máximo. No máximo...  Sua casa abrigava móveis novos  e seminovos. A cabeceira da cama evocava o passado, talhada em madeira nobre. Representava o romantismo  que não havia em você.  Você não era bom anfitrião,  sua casa era. Sempre a dizer com oferenda: - entre moça, descanse em mim. Você, não dizia palavra. E sua mudez não representava nada, além da presença distante do seu rosto. Mastigando palavras que jamais, em nenhum instante, pronunciaria. Sua casa dizia,  toda vez que eu saía prometendo que nunca mais voltaria: - Vá moça, volte rápido para casa, e espere o tempo que a tudo vaporiza. Você não dizia palavra... Eu já nem escutava as palavras serem ruminadas por você. Eram engolidas... Mas silenciosamente? Então eu partia, insignificante. Ia ter com você solitária,  e voltava desfragmentada.....