BILHETE ESPERANÇOSO (ou quase)

Vem com alegria e faz nascer, de novo, aquelas flores em minha alma.

A euforia do amor de quando a mãe da gente dizia para ficar na frente da casa, a tomar sol.

"Mãe, podemos brincar no passeio?" A esperança nos fazia sempre perguntar mais uma,
mais uma e mais uma vez.
Argumentos fracos e muita cara de pau quando quebrava as regras...
Sempre corríamos a apostar quem ia até a ladeira Belô.

Vem com notícia boa, por favor. Nem que seja um saco de jujuba colorida, umas balas de atum, uma cocada de coco, uma mão de caramelo sortido.
Chega com a flor que der: de cactus, de maracujá, de laranjeira, de canto de parede, de beira de estrada.

Acena um olhar amoroso para mim, Setembro.
Dá-me tuas flores, vou cuidar bem delas. Pode ser uma flor apenas. Eu topo.

Eu topo ser melhor.
Eu topo ser gente grande, mesmo que nos sonhos ainda corra pelas estradas vermelhas das terras das roças de minha mãe e meu pai.
Eu topo ser melhor, Setembro.
Dá-me boas notícias.
Me dá um abraço.

Solineide Maria-Sol de Maria

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Análise do poema Olha Marília, As Flautas Dos Pastores - de Bocage

Poema para Pedro

Abacate