MEMÓRIA MUSICAL (e outras memórias igualmente alegres)

“Estava ouvindo Sade pela manhã e lembrei de você”.

Essa foi a frase inicial de um gostoso papo com minha sobrinha amada: “a filha da Chiquita Bacana”.

A conversa foi sobre música, “toca na cabeça”, fotos com filtro, “a praça triste”, as recordações alegres etc.

Tinha passado o dia anterior com Sade , enquanto revisava uma monografia.

Ouço Sade, volta e meia, para rememorar A Cidade das Músicas “de qualidade” (impecável) que existe dentro do meu mundo de memórias musicais.

Essa semana ouvi Sade até sentar. 

Quieta, daqui da cozinha, cheguei a ver umas cenas da época da sala de mainha. Eu a dançar Legião Urbana, a ouvir Marina Lima, Sade, Sade e Sade.

Minha sobrinha me fez rever lugares e imagens… Distâncias não separam a gente de quem a gente ama. Me deu uma vontade de dizer em voz alta para a saudade: “Toma na sua cara!”

Apenas sorri.

Vi nitidamente as festas que meu cunhado Valfredo intitulava de  “Spiritual” na casa de minha irmã Selma (vossa esposa).

Puxa vida, quanta riqueza musical. O cunhado Valfredo e sua coleção: de Zé Ramalho à Marvin Gay. Em seguida de Barry White a Steve Wonder.

Revi os desejos musicais de quando esperava minha filha, Flora Maria. Tinha desejos de ouvir aquela música, daquela cantora ou daquele cantor.

Também tive desejo de poesia: Drummond e Ferreira, Fernando e Flora Figueiredo. Flora Maria me trouxe desejos que tinham a ver com Arte.

Talvez porque minha filha já carregava a vontade da Arte dentro dela.

Dos desejos musicais, muitos foram absolutos… Em especial o desejo da voz de Sade. 

Ouvi tanto a Sade, que um Cd começou a não tocar por completo (estava com 7 meses de gestação).

Talvez fosse meu apetite musical uma vontade de comer poesia. Talvez, meu desejo por poesia fosse vontade de refazimento da linguagem.

Lembro que já disse que o silêncio de minha filha quando bebê me deixou inquieta. Hoje, penso que seu silêncio tenha sido (um pouco) uma maneira de declarar que queria mais silêncio do lado de fora de mim.

Eu e minha sobrinha falamos sobre a riqueza musical de vinte anos de história. Uma fortuna de alegria e recordação, numa conversa de menos de 10 minutos.

Lembranças do tempo da Sandy & Júnior. Gente… A tia e a sobrinha a gostar da dupla. Lembro que ela me emprestava Cds. Pode?

Rememorei as danças com minha filha, ela com uns 10 anos de idade. Kkkk Puxa vida… Quanta alegria inspecionada.

“Tia aquele Álbum não me lembro o nome… lembra? A capa laranja com vários desenhos pretinhos.” Ela se referia ao divinal Circuladô, de Caetano Veloso. Era um Cd que Selma comprou, mas presumo que de tanto eu pedir emprestado, acabei ganhando. Kkkkk

Ela me disse que a influenciei musicalmente (positivamente, óbvio kkkkk) .

Quando nos despedimos, a sensação de que as coisas vão melhorar de modo efetivo ressurgiu.

A crença na palavra que alimenta o amor e a canção da vida remoçou.

“E dançamos com uma graça cujo segredo nem eu mesmo sei

entre a delícia e a desgraça

entre o monstruoso e o sublime.”

Amém.



TODOS OS TEXTOS DESTE BLOG SÃO DE AUTORIA DE: Solineide Maria-Sol de Maria

(Solineide Maria de Oliveira do Patrocínio Rodrigues)

 

Luanda, 26/07/2020

 

 

 

 

 


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