SOU TUPINAMBÁ.

Todo mundo tem um segredo, o meu é de domínio público. Tenho um jeito calado fruto dos poemas mais solitários e tristonhos. Talvez seja herança dos poetas mais herméticos, ou, por outra via, talvez seja apenas herança das questões que a sociedade foi instalando em mim (nós), essas questões físicas ou de status.
Minha voz, sempre pequena, ninguém ouve (nem quer ouvir), apenas os que por mim tem algum apreço (qualquer apreço). Minhas opiniões sempre bem expostas por outras pessoas, e eu que tinha acabado de discorrer sobre o tema, não recebo nenhuma atenção. Mas deixo ao destino...
E a solidão por dentro a se dizer e se escrever. Nesse sentido os poemas são bem bonitos, mas as gavetas é que se fartam. Você precisa fazer assim, fazer assado. Você não tem proatividade, olha... cuidado... você isso, você aquilo.
Sempre me dei com os que se vestem fora dos padrões. Sempre gostei dos que não vão aos salões de beleza e sempre, SEMPRE, senti esse desprezo da "sociedade" por me vestir simplesmente, ou por não ter o mesmo estilo que circula pelas ruas, por qualquer rua, de qualquer lugar do Planeta Terra.
Meus melhores amigos são poetas, a maior parte já estão no Plano Astral. Sinto-me bem acompanhada e representada.
Meu jeito é de índio, minha cara é de índio.
Sou das etnias Baenã, Pataxó Hãhãhãe, Kamakã, Tupinambá, Kariri-Sapuyá e Gueren.
E pode até "parecer" que não sinto você querer me apagar, me indiferenciar, me pulverizar de onde eu estiver, por onde quer que eu vá, mas é só disfarce. E entenda, definitivamente, que "apesar da minha roupa, 'também' sou índio".

Assinado: Bete Kûarasy
(irmã de Solineide Maria)
Luanda, 02 de Fevereiro de 2020.

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