Bohemian Rhapsody

Ainda não tinha assistido, mas a mim não me pareceu um filme, nem um documentário, nem uma biografia. Também não me parceu uma história contada com os tão conhecidos: início, meio e fim.
Chegou em mim como uma emoção desfigurada, um amor contido até a exaustão, uma greve da alegria mesmo com milhões no bolso.
Trata da vida de um jovem homem que conhece outros dois jovens homens e calha de ser no dia exato de se conhecerem e dá tão certo que se tornam a Banda Queen.
No meio e na superfície e onde mais haja espaço na "narrativa" baseada em fatos reais sobre Fred Mercury e os Queen, existem outras narrativas. Há a narrativa da família e de toda a intimidade que uma família, toda família, qualquer família deveria ter uns com os outros (como seria normal acontecer nas famílias). Há a narrativa da busca por uma família que entenda (e até aceite) as perfeições imperfeitas que pode acontecer de existir em qualquer criatura humana. Há a fragilidade dos corações das pessoas mais amadas que descampam por caminhos perigosos. Há a narrativa da solidão que traga o poeta, o escritor, o compositor, o artista quando "não segura a onda". Há a dor de ver um ente querido seu se envolver com drogas.
Também está na "película" a imensa dor da solidão de todos os que contraíram Aids na década de 80... Dá uma imensa tristeza assistir que estamos vivendo "dias tão desleais" no que diz repeito a questões tão sérias, como por exemplo essa questão da segregação de pessoas, em pleno 2019... Quem é homem afinal? Aquele que diz que não gosta de homem ou aquele que fere, que escarnia e mata o homem?
É uma história que rememora muitas histórias reais e que pode estar acontecendo agora. Mas saber que se trata da história de uma pessoa que via na TV e ouvia no rádio, torna tudo muito particular, embora seja público. Lembra os palhaços solitários a fazerem o público rir, enquanto intimamente se despedaçam. É "Bohemian Rhapsody" .

Solineide Maria de Oliveira do P. Rodrigues

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