MESMO POR 5 MINUTOS…

Hoje eu tive um sonho estranho
tipo sem sentido.
Acordava e não via pela casa
objetos que já fazem parte de nossa rotina:
o seu chinelo verdíssimo e gasto
encostado ao meu,
sua fotografia sorridente comigo ali,
aquele livro do Rilke “Cartas a um jovem poeta”.

 Fui ao banheiro pensando
 “é coisa de minha cabeça...
São esses dias difíceis
quando a pressão aumenta"...
Mas me olhei no espelho
 e logo lembrei de tudo.

Nesse momento chorei
feito criança sozinha e presa,
gritei seu nome mil vezes
quase estourei minha veia.
Lembrei que foi uma coisa torta que eu disse
que disparou discussão,
numa hora banal,
acho que foi lá na sala.
Você saiu para o quarto
calada e triste...
Não dei importância maior e terminei o filme.
Quando fui ter com você
foi quando então me disparou
um tiro de escopeta
direto no coração!

Lembrei que eu só repetia:

REFRÃO
Fique
Não vá, não vá, não vá, não vá, não vá.
Fique por favor!
Mesmo por cinco minutos
não vou aturar tua ausência.
Vou ser um cara perdido
um monstro sem cabeça,
uma foto sem sentido,
presença triste nas mesas,
vou ser relógio parado,
uma viciado em tristeza...

 REFRÃO

Não vá, não vá, não vá, não vá, não vá.
Por favor fique
queira me escutar,
quero ouvir sua voz mesmo num verso triste.
Quero sentir sua presença
nos quatro cantos da casa

 REFRÃO
Fique por favor!
Não vá, não vá, não vá, não vá, não vá.
Mesmo por cinco minutos não suportaria!
Quero ouvir seu chinelo se aproximando 
e você calçada nele para perguntar
uma coisa assim à toa,
ou para declamar
um poema seu novinho.

Autoria: Solineide Maria de Oliveira do Patrocínio Rodrigues (também conhecida como Sol, Soli e Solineide Maria)


Tive um sonho lindo essa madrugada 17/09/2018. Ouvia esse poema meu cantado na voz de Zeca Baleiro. Tenho o ritmo dos refrões na cabeça até agora... Sonho lindo.
No show, tipo muito intimista, o cantor e compositor Zeca Baleiro cantava a música e contava que havia recebido essa letra de uma fã. Narrava como havia se dado o processo de composição da música na letra e de como se espantou com algumas coincidências (que não revelou).
Ele dizia da emoção de ler cada verso como se fossem versos escritos por ele. 
Falou do susto e da emoção dos três refrões, que é coisa rara hoje em dia. 
Explicou que faz tempo que, em geral, as canções possuem apenas um refrão, isso quando não se trata apenas de uma música-refrão (depois sorriu). 
O cantor e compositor disse que ficou mais espantado ainda quando viu que a canção cravava em 5 minutos exatos. 
E pensou que se tratava de coisas da metafísica existencial (sorriu) porque ele pensou em mudar o título da música, tinha achado até um pouco infantil e tal, mas adorou tudo o mais. Daí que só podia ser mesmo "Mesmo por 5 minutos". 
Terminava dizendo: "Mas enfim Sol, vamos nos emocionar de novo?"
Nesse momento começava a tocar o violão e indicava o nome da música: "Mesmo por 5 minutos".

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