SOBRE TRILHAS QUE LEMBRAM O AMOR

Certa feita, um Frei amigo me indicou que quando estamos desolados é porque estamos mais perto de Deus. Não sei se o Frei lembra disso, dessa máxima, desse aforismo lindo, desse verso de poema. Essa fala, hoje em especial, lembrou muito minha infância... E lembrar de minha infância é um pouco estar perto dos meus dois deuses na Terra: painho e mainha. Lembrei de mainha correndo atrás de vaga para matricular os seis filhos; lembrei de painho chegando com uma sinusite que quase deu cabo de sua sanidade e lembrei de mim. Lembrei de minhas irmãs todas e do meu irmão Solivaldo. Como eu e ele somos contemporâneos, penso, entendemos um pouco sobre essa infância indo embora. Uma vez, falando filosoficamente com ele (meu irmão) perguntei para: - Sol, como esticar a infância? rsrs Crianças... O quintal cheio de "caqueiros" e nosso pai chegando do trabalho às 17: e tal todos "tomados banho", era assim que mainha perguntava: "Todos tomados banho"? O silêncio tinha que ser respeitado, porque meu pai chegava com muita dor de cabeça. Mainha então providenciava o silêncio. Tão amoroso isso. Tão lindo!... Nós todos estávamos lá, silenciosos, à espera de nosso pai. Tanto amor, tanto... Por que, em geral, quando se cresce, esquecemos o caminho do amor? Mas tudo bem. Porque a gente sempre reencontra o caminho do amor. Ou porque quando estamos desolados estamos mais perto de Deus. Ou porque a força do Amor nunca será esquecida. ELE deixa uma trilha de ramos verdes pelo caminho. Luanda. (Sol Maria) FOTO DE SOLINEIDE RODRIGUES.

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