A VIDA CARECE DE DJAVAN


Djavan tem canções que são mares absolutos. Imensidão de águas que retornam cada vez mais límpidas nas conchas e colchas do dia a dia. A vida carece de Djavan.
Djavan é uma necessidade, tipo beber água. Tipo tomar café. Tipo assim… Tudo.

As canções têm uma coreografia sem dançarinos, elas dançam por si. Nós, esses djavanianos de carteirinha por puro amor, ficamos embevecidos, nadamos sem saber nadar, afogamo-nos nos vários oceanos de líricos acordes de suas canções.

Não sei de onde Djavan traz tantas canções inéditas. Penso que esse poeta maravilhoso e capaz, viaje para dimensões que nunca dantes tenham sido exploradas. Guardo a hipótese de que exista a dimensão Djavan numa região de claras águas, onde as palavras surjam emocionadas quando ele aporta de sua nave amorística.

Que fim levou o amor Djavan? Eu queria lhe perguntar isso hoje, porque a TV mostra umas loucuras que não são de minha compreensão. Não encontro nenhum fio de pensamento que consiga responder tal questão. Tudo que plantamos anda a dar capim…  E olha, é um capim sem poesia nenhuma, sem graça nenhuma, sem vento que o embale…

“Deixa eu chorar com você” Djavan, porque nem no Serrado as coisas andam fáceis… Nosso país tão maltratado, tão saqueado Djavan… Valei-nos! Um país tão bonito, um povo tão original, diverso, trabalhador sim…  

Tantos mares me atravessam, tantos mares de palavras mudas meu irmão. E não caem em “doces gotas de amor”, elas retesam de inquietude e de decepção…
Djavan: você “pode ter um jeito de acasalar o canto do mar com sua voz de cantor e fazer desse seu canto um brado tão fundo pra amolecer” o coração dessa gente nefasta, que anda a encavacar o Brasil?


(Solineide Maria - Luanda, 6/12/2017)

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