A JANELA A ESPERANÇA E UMA CANÇÃO DO LEGIÃO URBANA
Houve um tempo de esperança... Os jovens estavam atentos e
lutavam pelo melhor para seu país. O céu era tão azul e nas roupas. Os
"botons" diziam palavras de ordem (e progresso).
A Bandeira sempre mentiu... Não. A Bandeira sempre lutou
pelo melhor. Tão bonita... Linda! Verde e amarelo! Ouro, e floresta... Céu
azul, paz de estrelas nos amparando a todos.
Mas olha só... "Veja o sol dessa manhã tão cinza".
A música toca longe, da janela de uma casa de lata, ouço a
canção... Meu Deus! Aqui tão longe do meu país, ouço a voz implorando por
mudança, melhoria e por consolo. Voz que pede um olhar! Somente um olhar...
"Somos tão jovens"... Assevera o cantor na
canção...
Ele diz na música que "temos todo o tempo do
mundo". Não temos mais Renato. Todo o tempo do mundo se foi. Agora é
apenas o momento. Errou, passou. Só na próxima para acertar (próxima
encarnação).
No entanto, não é desesperança que consigo alimentar em mim,
ouvindo essa canção, que sai da janela dessa casa de lata. Não consigo
alimentar tristeza com essa visão e audição.
O tempo paralisa em minhas retinas, e vejo um jovem dançando
euforicamente. Meu Deus... Como não deixar a lágrima rolar em meu rosto. Uma
amiga me perguntou: "o que foi Sol"?
Não expliquei. Porque não daria para explicar o que senti,
vendo eu mesma ali naquela casa, entre alegre e descontente, dançando uma
canção que rememorou toda minha adolescência.
(prece e lágrima)… O jovem se deixando levar pela emoção deixando-se
lavar pela emoção. Canção de mais de vinte anos... Canção de agora…
SOMOS TÃO JOVENS ele grita! Balança as mãos imitando Renato
Russo. Ele salta e grita: SOMOS TÃO JOVENS!...
O refrão é declamado em prece:
"Nosso suor sagrado
É bem mais belo que esse
sangue amargo
E tão sério e selvagem".
"Filomeno! Tá na hora de trabaiá! Caba cum essa
gritaria".
O jovem sorri discreto. Ele ama sua mãe e diz: “tô indo mamá”.
Filomeno cata a camisa no varal improvisado na janela (com uma fita de pano
velho). Abaixa o volume do som e, certamente, vai se arrumar para ir trabalhar.
Ouço o violão dedilhado no fim da canção e também sinto um riso
discreto e silencioso no coração de minha alma…
Ainda há esperança...
"Temos muito tempo".
(Solineide Oliveira Patrocínio)
08/07/2017
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