VENTO E VIAGENS



Da janela o vento passa,
ele está lá nas árvores.
Ele está aqui, na sala,
zunindo...
Assopra umas palavras,
depois sai.
Ele fala que tudo é vento:
no rosto,
nas mãos,
na vida...
Tudo é vento,
e tudo é "simples",
como a moça que caminha
sozinha lá fora.
Ela sai todas as manhãs,
no mesmo horário.
Há outra moça,
que chega,
no mesmo horário.
Igual ao vento,
as moças passam...
Os pássaros dão vida às árvores
sem flores,
as nuvens passeiam,
o sol, mesmo escondido,
aquece.
O avião passa,
cheio de esperança e alegria.
Mas também pode levar
tristeza,
gente que viaja
para encontros tristes,
ou para nenhum encontro.
Talvez haja um passageiro
que vá ofertar pão
e outro vá para negociar
bomba...
No avião deve haver uma pessoa
que ame desesperadamente
e vá encontrar alguém.
E deve haver outra pessoa
que nunca viaja para encontrar.
Essa pessoa apenas viaja,
a negócios...
Ainda há muita gente que lê
(livro),
no avião.
Outros fazem leitura dinãmica
olhando a paisagem a partir
das janelas do grande pássaro de aço.
E da janela,
vejo que voar
é possível,
mesmo com os pés
no chão.
(De Solineide Maria de Oliveira do Patrocínio Rodrigues)
27/09/2016

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Análise do poema Olha Marília, As Flautas Dos Pastores - de Bocage

Poema para Pedro

Abacate