ESPIRITISMO E POESIA: CONJECTURAS A PARTIR DA POSSIBILIDADE DE MEDIUNIDADE DE PSICOGRAFIA EM FERNANDO PESSOA.
ESPIRITISMO
E POESIA: CONJECTURAS A PARTIR DA POSSIBILIDADE DE MEDIUNIDADE DE PSICOGRAFIA
EM FERNANDO PESSOA.
Solineide Maria de Oliveira do
Patrocínio Rodrigues[1]
solpoesiaeprosa.blogspot.com
UMA
POSSÍVEL INTRODUÇÃO
Pode-se
dizer que a admiração e, ao mesmo tempo a desmesurada falta de entendimento
sobre como pode um poeta “ser” tantos ao mesmo tempo, podem estar presentes nas
leituras, por vezes pueris, que os leitores mantem com frequência, ou não, dos
poemas e prosas do imenso poeta português Fernando Pessoa.
Interessante
que seja exposto que uma leitura de modo mais crítico, da obra de Fernando
Pessoa, sugere solicitar, por parte do leitor, um envolvimento penetrante.
Talvez, após a quinquagésima leitura de algum título do poeta, aconteça o
momento chave, aquele que poderá desvendar o olhar interior de quem lê Pessoa.
Supondo-se que as leituras realizadas anteriormente, tenham sido ensaios de
leitura do que poderia vir a ser Fernando Pessoa.
A
partir de leituras de obras vinculadas ao Espiritismo, mais especificamente
voltadas para o fenômeno de Psicografia, teria sido possível associá-la ao que
ocorria, com determinada frequência, com o poeta Fernando Pessoa. Desde então,
tornou-se aceitável perceber que, talvez, Fernando Pessoa tenha sido um Médium
de Psicografia, sem que este soubesse ou cresse e mesmo se soubesse e
acreditasse, em sua vida particular. Desse modo, ampliou-se a vontade de ler
seus escritos e, ao mesmo tempo, examinar sobre o tema Mediunidade de
Psicografia.
A
investigação em nada desacredita do talento inabalável de Fernando Pessoa:
jamais. Trata-se mais de outra maneira de entender as muitas falas de um poeta.
E, ainda que seja a fala de um único homem, Fernando Pessoa, pode ser forma de
falar sobre dois assuntos muito atraentes e igualmente importantes: a poesia e
a psicografia.
Pessoa,
aos catorze anos de idade já observava com nobreza própria do olhar que se
origina, apenas, dos olhos da alma de um deus:
“Quando
eu me sento à janela,
pelos
vidros que a neve embaça
julgo ver a imagem dela
que
já não passa... não passa...
Os versos acima, escritos na puberdade do
vate, indica tratar-se de uma composição séria, apesar de o seu autor, contar apenas
com catorze anos de vida física. Pode ser (nos versos expostos) que o poeta
esteja a declarar-se apaixonado. No entanto, como deve ser toda leitura
crítica, o exame dos versos deve-se voltar para o que o eu-lírico diz, e não,
sobre o que o poeta sente, ou por quem sentiria. O sentimento exposto na
composição poética, a forma como molda o corpo do sentido, a maneira como
discorre sobre imagens através das palavras, é que são o objeto de investigação
do pesquisador apropriado.
É
indiscutível que janelas e neves e vidros são elementos que facilitam a
elaboração poética de qualquer texto. Poderia o leitor refletir que seria fácil
escrever tais versos, e, além disso, poderia (o leitor) imaginar que se trata
de versos não tão ricos apesar de levar a assinatura de Fernando Pessoa.
Porém,
lembre-se que tais versos foram compostos quando o poeta estava a descobrir as
janelas do mundo exterior e as de seu mundo interior. Idade em que o poeta
estava a perceber a neve incrustada na alma dos amores que não vingam... Idade
em que o menino Fernando António Nogueira Pessoa, começava a sentir que, muitas
vezes, o amor poderia ser frio e acromático, tal qual o vidro. E que algumas
vezes, o ser amado poderia ser mantido longe a partir da imagem, essa esperança
forte e frágil ao mesmo tempo.
Seria
possível estimar que o poeta, fascinante desde sempre, além de ser gênio em
seus versos e prosas, conseguiria lidar de modo muito poderoso e leve (ao mesmo
tempo) com o olhar. O olhar para o outro, para aquele que passa diante de si,
ou através de uma janela. Talvez, por estar apaixonado initerruptamente. Talvez
por estar e não estar. Talvez por ser e não ser deste mundo físico,
consecutivamente.
UMA
POSSÍVEL ANÁLISE
O
próprio poeta, Fernando Pessoa, dá pista de que algo de “excelso” lhe ocorria,
quando escrevia, em carta encaminhada à Casais Monteiro: (...) “foi em 08 de
março de 1914, acerquei-me de uma cômoda alta, e, tomando o papel, comecei a
escrever de pé, como escrevo sempre que posso. E escrevi trinta e tantos
poemas, numa espécie de êxtase cuja natureza não conseguirei definir”. A partir
daí, poderia ser sugerido então, que o poeta seria um médium psicógrafo ou
escrevente.
Sobre
os Médiuns Escreventes ou Psicógrafos, o Espiritismo esclarece que
“de todas as formas de comunicação,
a escrita manual é a mais simples, a mais cômoda e, sobretudo a mais completa.
Todos os esforços devem ser feitos para o seu desenvolvimento, porque ela
permite estabelecer relações tão permanentes e regulares com os Espíritos, como
as que mantemos entre nós. Tanto mais devemos usá-la, quanto é por ela que os
Espíritos revelam melhor a sua natureza e o grau de sua perfeição ou de sua
inferioridade. Pela facilidade com que podem exprimir-se, dão-nos a conhecer os
seus pensamentos íntimos e assim nos permitem apreciá-los e julgá-los em seu
justo valor. Além disso, para o médium essa faculdade é a mais suscetível de se
desenvolver pelo exercício” (O Livro dos Médiuns – Allan Kardec).
A
Psicografia é um fenômeno espiritual e físico. Quando ocorre, o Médium (como se
chama a pessoa que possui tal “capacidade”) é inspirado por um espírito que lhe
recomenda as ideias. Pode acontecer de o espírito lhe dirigir a mão, como no
caso de Chico Xavier, que também era Médium Mecânico, um dos mais raros.
Psicografia
é uma mensagem de um espírito, não é do Médium. Pode acontecer através de
inspiração por meio dos sonhos (quando o espírito do Médium se desdobra). Pode
se dar, ainda, de modo que o espírito narra para o Médium, ao passo que este
escreve o que ouve.
Fernando
Pessoa seria Médium de Psicografia (por inspiração), ao mesmo tempo de
Psicofonia (fenômeno que se dá quando o Médium ouve o espírito) e de vidência
(quando o Médium ouve e vê o espírito). Tais categorias serão explicadas no
decorrer da análise, ao mesmo tempo em que seja analisada a carta do poeta
Fernando Pessoa a Adolfo Casais Monteiro e alguns poemas previamente abstraídos
para a tarefa de buscar indícios do que poderia vir a ser prova de Mediunidade
de Psicografia no ilustre poeta português.
ESPIRITISMO
E POESIA: CONJECTURAS A PARTIR DA POSSIBILIDADE DE MEDIUNIDADE DE PSICOGRAFIA
EM FERNANDO PESSOA.
Problema
Os tantos heterônimos do poeta português
Fernando Pessoa, poderiam ser entes desencarnados a transmitir poesia e prosa,
através da mediunidade de psicografia?
Hipótese
A hipótese é a de que o poeta Fernando
Pessoa teria a capacidade de ser Médium de Psicografia.
Objetivos
Geral:
analisar a possível ocorrência do fenômeno de
Psicografia em alguns poemas dos heterônimos de Fernando Pessoa.
Específico:
investigar de que maneira o fenômeno acontecia
com o poeta Fernando Pessoa.
Justificativa
A partir da leitura de duas cartas de
Fernando Pessoa ao crítico Adolfo Casais Monteiro, surgiria indício de uma
possível Mediunidade de Psicografia no poeta Fernando Pessoa.
BIBLIOGRAFIA
PESSOA, Fernando. Obra poética VII. Poesias inéditas e poemas dramáticos.
Editora L & PM. Rio Grande do Sul, 2014.
KARDECK, Alan. O LIVRO DOS MÉDIUNS. Editora Federação espírita de São Paulo, 2014.
______________ O Evangelho segundo o Espiritismo. Editora FEB. Rio de Janeiro,
2006.
http://somosespiritos.blogspot.com/2011/07/fernando-pessoa-medium-com-palavra-o.html >
Consulta em 16/08/2015 às 08:42.
http://www.centroespirita.com.br/literatura/olivrodosmediuns/pagina021_02.asp
(AVISO: O WEB artigos publicou. SOLINEIDE)
[1] Poetisa. Professora de Produção textual (em Língua Portuguesa do
Brasil). Professora de Literatura. Pós-Graduação em Planejamento Educacional e
Docência no Ensino Superior.
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