MATRIMÔNIO (poema de número 3.000000000 para meu marido Jorge Rafael Rodrigues)



Há séculos estive à tua busca.
Muitas vezes Morri.
Muitas vezes Nasci.
Muitas vezes Me desperdicei...
Mas guardava, Guardei...
numa sacola De pano:
a mirra,
o ouro
e a prata
Que meu espírito Carregava... Para ti.

Para ti Guardei
o amor que era teu. 
Para ti
o amor que aprendi
com Deus,
minha mãe,
meu pai,
meu irmão,
minhas irmãs, 
minha filha...

Muitas vezes houve tempestades.
E na secura delas
o esqueleto solitário da busca 
teve que se recompor.
E fui aprendendo sobre palavras
que salvam a esperança.
Outras vezes,
o silêncio também se fez palavras.

No incômodo da solidão aprendia,
aos poucos, a ser calma
a ser um Ser...
E um dia um Arcanjo trouxe a notícia:
"Hoje ele virá"! Peguei o que tinha:
pão, vinho,
a sacola de pano e meu espírito burilado por Deus,
na longa jornada à tua espera.
Trago te. 
Dou-te.
E o que não era mais virgem
pedi para a Virgem Maria
que recompusesse.
Ela assim o fez,
Porque me banhou
e me enxugou com uma fralda antiga
de Jesus (dessas que as mães guardam
para sempre...).

E A Virgem disse:
"Estás pronta.
E estás linda!
Vá. Ele também por ti espera".

Dou-te o que sou.
Dou-te o que quero ser.
Além da mirra,
do ouro
e da prata que guardei
por séculos
numa sacola de pano.
Eis-me aqui.


Solineide Maria de Oliveira do Patrocínio Rodrigues 10-06-2015

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