CARTA DE UMA MANHÃ DE DOMINGO (09-02-2014)

Reencontrei meu amor depois de eras. Muitas eras. Sabia que era por ele que meu coração batia um tanto descompassado, descompensado... Sabia que era por sua ausência que minhas mãos tremiam (além da alta do café...). Sabia que quando escrevia e faltava brilho, era por causa das palavras que buscavam por ele... 
Este amor agora reencontrado, vive em mim. Está tão em mim quanto a cicatriz que adquiri na testa, aos cinco anos, seis (não lembro). Caí da escada que dava pra porta do quintal... Minha mãe me socorreu depressa. Este amor real reencontrado é muito claro. 
Está claro que é amor, entende? Não sei se me entendem, é que há algumas incumbências das quais as palavras não dão conta. Acho que a incumbência de explicar sobre o amor é uma das mais difíceis e por isso, as palavras são tão requisitadas... Mas falham, quase todas as vezes que tentam. 
Por isso é que há tantos poemas sobre amor, cartas e bilhetes, e filmes e livros inteiros, e muitas peças teatrais. E por isso, até hoje, de tanto querer explicar o amor, ama-se mal e raquiticamente... 
Descobri isso cedo. Então, escrevo sim, mas amo. 
E agora que reencontrei meu amor, amo robustamente. Não estou com ele agora, mas como queria! Não (apenas) para as coisas da carne, mas muito mais para as coisas do espírito. 
Queria compartilhar o livro de Manoel de Barros (que me acompanhou na madrugada insone), gostaria de apresentá-lo a três filmes muito bonitos, queria ler um texto espírita que me confundiu (ele é craque, já leu muito sobre), também seria bom dividir as dúvidas de minha filha com ele... 
Não estou com ele agora... Mas como queria deitar minhas mãos às suas e dizer que o amo. E sorrir de alguma bobagem que falasse (falo muita bobagem) e pensar no almoço. E escrever um poema que dissesse que é tão bom tê-lo comigo. 
Não estou com ele agora, mas para sempre quero estar. E estarei, porque este amor reencontrado, vive em mim. 


SOLINEIDE MARIA DE OLIVEIRA (Para Jorge Rafael)

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