Reflexões dolorosas...

Para escrever nova história é preciso apagar a antiga?
Essa questão incômoda abriu a porta do dia que parecia prometer calor.
Umas vozes longínquas avisavam que era hora de levantar (acordar já não precisava).
Um café preto iniciou a investida do dia. Primeira escrita do dia... A prece saiu fraca, sem ciso, sem muita voz. Mas houve a prece...
Como é doloroso ter escrito mal uma história que poderia ter dado inúmeros capítulos... Mas vamos ao dia, que agora não prometia mais calor, chovia...
Sair e andar, mesmo quando a vontade é de ficar quieta e dormir, dormir, dormir... Não precisava nem sonhar.
A chuva engrossa e paro numa marquise que protege a sobrinha frágil e a sapatilha. Um gato também pede abrigo e me olha. "Nunca estamos sós"... Penso.
Olho uma vez mais para o gato e ele a mim. Sinto que é um abandonado, está com a cara ferida e as patas um pouco sangrentas, sangradas... Ele lambe as patas e me olha novamente. Entendo que está tentando melhorar as feridas... Tentando curar suas feridas...
Eu também preciso lamber as minhas, mas estão por dentro, no coração... Em verdade estão na alma. Como lambê-las? Fico me perguntando: como é que se cura as feridas do coração? Seria muito bom se pudéssemos lamber tais ferimentos e insistir mais uma e mais uma vez... Até que sentíssemos que estariam (estivessem) ao menos, apresentáveis...

Solineide Maria
03/09/13


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