CONFISSÃO

Eu quero dormir até poder alcançar ser arauto, mas um, que também a mim apregoe sobre Deus. 
Mas um Deus que me receba de pés descalços e com uma caneca de café na mão, caneca de porcelana velha, rachada... 
Dessas que contam sobre os visitantes, muitos que foram ali. Não quero um deus qualquer. 
Quero um Deus que me pergunte de cara: "O que você tem? Ta tão mequetrefe”?! Eu quero... 
E não quero ser um arauto qualquer; quero ser um arauto firme e quase santo. 
Quase, porque tudo o que dizem ser, com muita convicção, sempre desconfio. 
E devia ser assim, devíamos todos desconfiar de tudo o que dizem com MUITA CONVICÇÃO... 
E devíamos buscar nos livros (na atualidade, busca-se no Google...), mas acima de tudo e de nada, buscar em nós. 
Eu queria escrever um poema tranqüilo, cheio de músicas em harpas sonolentas, cheios de tiras brancas de papel balouçando, balouçando, mas estou muito cansada. 

(De Solineide Maria de Oliveira do Caderno de me dizer - No prelo)

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