O Papa é pobre... O novo Papa é Francisco

Minha mãe acorda todos os dias, religiosamente, cinco horas da manhã. Reza três terços, depois vai fazer café, ferver leite, esquentar pão, varrer o passeio, o da vizinha, depois a rua... Recolhe tudo e entra para seu "rico" desjejum: um pedaço de pão e café puro. 
Minha mãe acordou hoje antes das cinco: rezou os seus terços na sala. Arrumou-se e fez o café. Depois sentou-se para assistir a Missa do novo Papa. 
Estava na cama, ainda, hoje é feriado de São José. Gosto demais da história dessa criatura: amou Maria mesmo sem entender direito o que sentia... Era AMOR sim. Amar sem querer explicações prolongadas, sem meter-se na intimidade do outro, em seus segredos, suas escolhas... Depois amou Jesus, um ser espiritual que lhe chegava às mãos MUITO mais elevado espiritualmente. Um sábio tão "menino"... 
José é um nome lindo! É o nome do poema emblemático de Drummond, é o nome do "povo brasileiro"! Poderíamos chamar o Brasil de Zé Brasil! 
O Papa lembrou do nome José, de José (pai de Jesus) e de José o Papa que pediu pra sair: Bento 16. José é um nome lindo mesmo... Mas tem João também que amo tanto (meu sobrinho-neto)! E tem Francisco!... Francisco é o nome adotado pelo Papa eleito recentemente. Agorinha, agorinha... 
Minha mãe contente, repete na sala: "Francisco... Francisco" Toda orgulhosa de já ter Papa. Eu penso comigo: "coitadinho de Francisco..." 
Lembrei da crônica de Raquel de Queirós (sugiro leitura completa). É linda! O padre da crônica vai para um vilarejo de pescadores , era seu sonho: ser padre simples, morar no meios dos pobres e rezar Missa. Simples assim. Um dia "descobriram" que ele fazia milagres... Pronto! Foi uma correria só. 
Ele todo vexado, pede a Deus que retire dele aquele dom"infernal". Agoniado, deita no chão daquela Igreja simples de dar dó e chora, copiosamente, clamando, clamando... "_ Não quero ser milagroso! Não quero ser bispo! Perdoai-me Nosso Senhor, mas nem sequer quero ser santo!... Quero apenas salvar minha alma, nada mais..." 
De repente o clarão que saía do coração do padre (e que diziam ser milagroso), "cresceu, fuzilou como um corisco e se apagou." O padre morreu. E tão miúdo era o padre, que um homem só o carregava... Raquel não diz o nome do padrezinho, mas tem jeito de ser Francisco... 
Lembrei dessa crônica, porque esse Papa eleito, parece simples sim. Tomava até ônibus, vejam... E me pareceu "pouco" feliz. Sei lá, angustiado por ter se tornado Papa... Coisa tão "difícil" na minha cabeça... Voltei da lembrança da crônica e de minha especulação "pueril" sobre Papados e minha mãe me convidava: "vem Soli, vem ver o novo Papa (sou Espírita...). 
Levantei-me, lavei o rosto, despachei minha filha para o colégio (Ifba) e fiz companhia para minha mãe... 
Na memória, a crônica não deixava esquecer de produzir os planos e planejamentos (sou professora). No coração, a vontade de que esse Francisco seja tão Francisco, mas TANTO! Que chegue a lembrar todos os Chicos que amo! 

Solineide Maria
19-03-2013

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