Poemas (e outros) de 20 anos atrás

Até chegar aqui, li várias vezes Carlos Drummond de Andrade. Digo aqui, neste dia de hoje.
E em 1993, por aí, tive acesso ao livro em que constava o poema abaixo:


Cidade prevista

Irmãos, cantai esse mundo
que não verei, mas virá
um dia, dentro em mil anos,
talvez mais... não tenho pressa.
Um mundo enfim ordenado,
uma pátria sem fronteiras,
sem leis e regulamentos,
uma terra sem bandeiras,
sem igrejas nem quartéis,
sem dor, sem febre, sem ouro,
um jeito só de viver,
mas nesse jeito a variedade,
a multiplicidade toda
que há dentro de cada um.
Uma cidade sem portas,
de casas sem armadilha,
um país de riso e glória
como nunca houve nenhum.
Este país não é meu
nem vosso ainda, poetas.
Mas ele será um dia
o país de todo homem.



(Carlos Drummond de AndradeA rosa do povo, em Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992, p.158-159.)



Drummond...

Esse país de todo homem ainda não existe... Talvez seja o Brasil, mas é necessário que ocorram muitas demolições, poeta... De "egos", de "ideias e idéias"...
Essa otimista visão, talvez, possa ser vista a partir do mundo metafísico. Parece que já há mudança moral do planeta, embora não esteja tão visível a olhos nus...
Nem mesmo quem tem olhos de ver, estão vendo sabe, porque a barra e o astral andam pesados...
Acredito que daqui mais uns quarenta anos, as coisas estejam melhores configuradas para o Bem.
Acredito também, caríssimo Drummond, poeta e homem antenado, que todas as violências vão se transformar numa só: a vileza. Esse defeito vai ser a violência única, daí, sugere-se que ficará "mais fácil", exterminá-la.
Não sei Drummond... Voltei a usar muitas reticências, coisa de quem não tem argumentos não é? Coisa de quem perdeu o viço (ou ainda não o possui?). Coisa de adolescente Drummond...
No entanto, acredito nesse país que você cantou. Não sei por qual razão. 
Acredito, acredito, acredito.

Obrigada por fazer parte de minha vida. Por ter escrito tantos poemas e crônicas e o mais.

Obrigada por ser um meu companheiro de viagem, poeta querido, há mais de vinte anos!

Solineide Maria
23/08/2012
40 anos de Drummond

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Análise do poema Olha Marília, As Flautas Dos Pastores - de Bocage

Poema para Pedro

Abacate