Tem capitães da areia em Itabuna...
Tem capitães da areia em Itabuna,
minha cidade que
daqui a pouco fará aniversário;
e em Outubro irá às urnas...
Tem muitos deles nos bairros
periféricos,
nas ruas onde apenas
o esgoto passa
livremente
pelos pés
da criançada descalçada
(de cimento, sandálias e sonhos)...
Tem muitos capitães da areia
nos bairros "chiques".
Esses são ainda mais flagelados,
pois que por opção vão pra miséria...
Escandalizam para dar visão
àqueles que são capitães da areia
por falta dela.
Ontem foram ao chão
três desses "bichos,
assassinos, ladrões
primos do canho"...
Disse olhando para mim
um negro idoso
no ponto de ônibus
(sem proteção)
de um bairro central
desta cidade.
Fiquei triste, ainda mais...
Não sei bem lhe dizer
se por causa da violência
praticada pelos capitães da areia
ou se pela violência das palavras
ditas assim da voz de um
já maduro senhor.
Perguntei-lhe ousadamente:
O senhor é daqui?
Ele respondeu com ar superior:
Sou da capital. Vim para Itabuna
bem menino. Tive família que
me deu educação.
Exerci a advocacia até outro dia.
Amo esta cidade como se fosse
minha.
Não parece. Respondi.
Ele, surpreso pela minha ousadia,
indagou:
Por que?
Disse-lhe:
Quem ama uma coisa, um lugar,
alguém...
Diante de uma tal calamidade,
o mínimo que faz é um poema.
Descrevendo a dor de ver
que a adolescência aqui
não chega a amadurecer...
Salvei-me pelo ônibus
Mangabinha...
Subi, entrei, sentei
e vi, pelo vidro da janela,
que o velho olhou-me fundo...
O ônibus, precariamente,
me acolheu e me levou.
minha cidade que
daqui a pouco fará aniversário;
e em Outubro irá às urnas...
Tem muitos deles nos bairros
periféricos,
nas ruas onde apenas
o esgoto passa
livremente
pelos pés
da criançada descalçada
(de cimento, sandálias e sonhos)...
Tem muitos capitães da areia
nos bairros "chiques".
Esses são ainda mais flagelados,
pois que por opção vão pra miséria...
Escandalizam para dar visão
àqueles que são capitães da areia
por falta dela.
Ontem foram ao chão
três desses "bichos,
assassinos, ladrões
primos do canho"...
Disse olhando para mim
um negro idoso
no ponto de ônibus
(sem proteção)
de um bairro central
desta cidade.
Fiquei triste, ainda mais...
Não sei bem lhe dizer
se por causa da violência
praticada pelos capitães da areia
ou se pela violência das palavras
ditas assim da voz de um
já maduro senhor.
Perguntei-lhe ousadamente:
O senhor é daqui?
Ele respondeu com ar superior:
Sou da capital. Vim para Itabuna
bem menino. Tive família que
me deu educação.
Exerci a advocacia até outro dia.
Amo esta cidade como se fosse
minha.
Não parece. Respondi.
Ele, surpreso pela minha ousadia,
indagou:
Por que?
Disse-lhe:
Quem ama uma coisa, um lugar,
alguém...
Diante de uma tal calamidade,
o mínimo que faz é um poema.
Descrevendo a dor de ver
que a adolescência aqui
não chega a amadurecer...
Salvei-me pelo ônibus
Mangabinha...
Subi, entrei, sentei
e vi, pelo vidro da janela,
que o velho olhou-me fundo...
O ônibus, precariamente,
me acolheu e me levou.
Para Jorge Amado e para Itabuna em seu Aniversário (28/07)
ô Soli... que coisa mais sensível..
ResponderExcluirE real...
Sandra (Ibicaraí)
Tem muitos deles no Brasil inteiro!
ResponderExcluirUm abraço!
Belo poema!
Toinho
(SP)
Tem Capitães de areia em todas as partes, guetos, favelas, zona sul e zona norte, de leste a oeste deste país sem vergonha de gente que só...Orai e vigiai.
ResponderExcluirBeijos!