A Guardadora de Rosas rejeitadas

Eu colho rosas,
mesmo que estejam já desbotadas.
Mesmo que sejam já, filhas orfãs,
nessa jornada.
Mesmo que não enfeitem Missa,
enterro ou casamento.


Eu colho rosas que vivem dentro,
em meu pensamento.
Rosas que falam de dores tristes,
de vãos de internos.


Colho e converso muito com elas,
pobres coitadas.
Vítimas de uns homens
que só se ocupam de uma só beleza.


Eu colho rosas que nunca foram
bem arrumadas,
aquelas que sempre foram
- logo - descartadas.
Colho e reformo os seus corpinhos
frágeis,
feridos...
Declamo poesias
enquanto ajeito suas mazelas.


Sou a guardadora de rosas velhas,
malquistas,
descartadas e feridas.
Elas me presenteiam com o perfume
indizível
que sai de suas lesões,
enquanto declamo poesias
e remendo seus botões.

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