Podem me chamar de passadista. Nostálgica e o mais. Gosto de ouvir o Renato.


Podem me chamar de passadista. Nostálgica e o mais. Gosto de ouvir o Renato.
Outro dia me disseram assim: ele era um hipócrita! Falava e não fazia o que falava. Não respondi nada. Em silêncio segui ouvindo o mar (estava na praia). E o mar me lembrou outra bela canção, com o tema de despedida (Vento no litoral) deste poeta brasiliense, que me fez companhia na adolescência.
Hoje, ao abrir a caixa de e-mails, um amigo havia me enviado a canção  Quando O Sol Bater Na Janela Do Teu Quarto, num clipe antigo, onde, ao final, o Renato balançava os braços, o corpo e teatralizava com as mãos (naquele jeito característico de dançar). No texto de remeto, meu amigo dizia assim: haverá outro compositor igual?
Olha meu amigo querido, queria lhe dizer que sim, que haverá. Mas já procurei tanto... Deve haver, não sei... E deve ser que esse russianismo da gente, seja apenas coisa nossa. Talvez seja mesmo alguma coisa entre nostálgica e pueril. Entre ridícula e improfícua, num mundo que parece descambar no óbvio e no tosco.
No entanto, fico confusa. Porque ouvindo “Quando o sol bater/Na janela do teu quarto,/Lembra e vê/Que o caminho é um só,” lembro da época em que contava com os meus quinze aninhos juvenis e tinha decisões jovens a adotar. Mas o mesmo verso serve para mim, neste momento da vida (quando conto com mais de vinte anos...), e tenho de me decidir entre seguir com a doutrina que me pus a crer e trabalhar (de fato).
O Shopenhauer disse que “não há nenhum erro maior do que acreditar que a última palavra dita é sempre a mais correta.” Ora, o Renato escrevia canções lindas. Isso é fato. Lógico que seria muito bom se as escrevesse e se cuidasse igualmente: estaria conosco agora. Infelizmente não foi assim.
A última palavra não era a dele. Assim como não será a minha. Nem a do meu amigo que desgosta das atitudes de Russo até hoje. Shopenhauer também diz que “um livro nunca pode ser mais do que a expressão dos pensamentos do autor”. Pode-se dizer que uma letra de canção, também seguiria esse caminho. Trata-se de obra (letra de música – poesia em canção, no caso das deste compositor).
Nesse pensar e ouvir - o Renato Russo - experimentei alívio. Porque tenho em mãos, mais uma vez, a chance de recomeçar. E “Porque esperar/ Se podemos começar/ Tudo de novo?/Agora mesmo?”
Daquela criatura que criticou meu compositor juvenil predileto, ficou a pergunta para reflexão que me interessa: ele era um hipócrita! Falava e não fazia o que falava. Acho que se continuar falando que acredito e não fizer nada, serei hipócrita... E lá vem o verso para arrematar: “Lembra e vê/ Que o caminho é um só,”.
Podem me chamar de passadista. Nostálgica e o mais. Gosto de ouvir o Renato.

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