Senti uma força entrando em mim! (Sobre coragem, amizade e o que realmente vale a pena)

Não há palavra que descreva a falta de jeito que experimentei  ao comentar com uma amiga (que não via há meses) sobre seu novo corte. Disse assim:  

"Seu cabelo está perfeito"! Em seguida,  animadíssima, lhe dei um abraço.
Ela, com olhos marejados, perguntou-me:  
"Soli, você não soube"?  
Um pouco sem graça, respondi indagando:  
"Soube do quê?
Então veio a bomba: 
"Tive que tirar uma mama... Estou usando peruca, o cabelo ainda não cresceu..."

Foi aí que parei. Não disse palavra. Ela  começou a resumir sua jornada para terminar o Curso de Filosofia e dar conta de casa, trabalho, marido, filhas e filho adotivo (1 ano e dois meses). Como viu que me encontrava muito atônita e emocionada, consolou-me com voz doce: "Agora está tudo bem" e me abraçou. 
Não pude nem respirar... Chorei discretamente enquanto retribuí aquele abraço cheio de afeto e vitória. 
É impressionante como naquele momento não consegui maiores enunciados e nem lembrei de nenhum poema. Não lembrei de falar nada mais alto do que isso:  
"Você merece ser feliz"! 
Minha amiga me deu outra lição, respondendo:  
"Mas fui feliz Soli! E sou. Porque descobri o mal em tempo e cortei-o pela raiz".
Gente... Abracei novamente aquela mulher e acredito que dela consegui tirar um punhado de força, como fez aquela outra, quando tocou a túnica de Cristo (Lucas 8:40-48). Acho que esse punhado de força me fez refletir sobre minhas pequenezas...
Passei o dia com vergonha de ter ficado triste por causa da "deshomologação" de minha inscrição numa Pos-Graduação e do entrave na tentativa para Mestrado.
Passei o dia com vergonha de ter cansado por estar atravessando problemas cotidianos com minha filha adolescente
Passei o dia envergonhada por não ter escrito durante os meses todos de 2011, para Antônio Draetta, meu querido poetamigo, que sempre manda carta e poesia via correio (ele mora em São Paulo e tem 80 anos de idade).
Fiquei sem jeito a semana inteira, por não corresponder para a vida o tanto de benefícios que dela recebo. 
Tristemente percebi que não dei o quanto podia dar, de amor e de companhia e de pão em forma de poesia aos meus queridos irmãos do CECC.
Recebi de minha amiga (que subtraí, durante o ano, da minha presença) a mais grandiosa lição da vida: 
"é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã". 

É preciso ser amigo e não, ter amigos. 
É preciso compartilhar companheirismo e não mensagens no face, no blog, no orkut, ou no raio que o parta...
É necessário usar o telefone e perguntar:
"Está tudo bem? Podemos nos encontrar"?
É preciso escrever e-mail's e não, apenas, reencaminhar mensagens...
Tentarei fazer isso em 2012.

Obrigada Noelita! 
Que Deus lhe abençoe diariamente com a saúde que é merecedora! 
Aproveito a oportunidade e peço que me perdoe a negligência na amizade. 
Como sei que tem alma de gigante, dormirei em paz com minha consciência esta noite, pois desde o dia em que estivemos juntas e fiquei sabendo sobre sua difícil travessia, não consegui dormir direito; rememorando minha incapacidade em merecer tê-la na lista de meus amigos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Análise do poema Olha Marília, As Flautas Dos Pastores - de Bocage

Poema para Pedro

Abacate