Do acaso de si para si e de coisas assins

Acaso me conheces
Para tratar-me com descaso, meu senhor?

Acaso sabes que venho de longe
Tateando a natureza das coisas?
Alimentando a esperança;
Dando um taco de pão ali,
Outro acolá,
Para que esta não definhe
Nesta labuta de descobrir,
Localizar, achar.

Sabes que perdi já,
Alguns amigos?
Sabes que todos eles estão
Muito bem obrigada...
Um em Londres rico e fino,
Outra casada com homem rico,
Outra amante de milionário,
Outro juiz no Planalto Central,
Outra professora Dra. de coisas afins
E eu aqui, apenas buscando,
Procurando,
A felicidade nas coisas simples
E na razão das coisas...

Não me trates com descaso
Porque isso é arte sabia?
Perseguir um ideário,
Uma luz no fim do túnel,
Um poema que não vem,
Um amor que se nega a aparecer,
Uma música original,
Uma pérola azul-cristal,
Um quadro que nunca viram
De Jesus trocando as fraldas.

Meu senhor,
Não trates com descaso
Este belo exemplar
Do acaso que sou.

Solineide Maria

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Análise do poema Olha Marília, As Flautas Dos Pastores - de Bocage

Poema para Pedro

Abacate