O MEDO

o medo veio ontem em minha casa,
contou-me de diversas travessuras
que quis empreender,
mas receou, preferindo dormir tardes inteiras.

Contou-me que quis ir à uma praia
onde se fabricam velas indestrutíveis
para aqueles que desejam velejar seguro.
No entanto, resolveu deixar pra lá...

Lembrou-se que quase foi à China,
quando assistiu a um documentário,
e ligou respondendo alguma coisa.
Sortearam o seu nome. Mas sozinho? Viajar?

Perdeu, o medo, a oportunidade de amar,
porque não se acostumaria com a tristeza,
se a amada (ou amado) o abandonasse...
Melhor se aquietar com as almofadas.

O medo nessa hora chorou muito.
Disse-me que quando for mais corajoso,
esquecerá de todos os perigos
que almas muito frágeis alimentam.

Mostrou-me como suas mãos tremiam,
pediu-me que servisse um café,
mas logo desistiu: medo de insônia...
Abraçou-me frouxinho e disse: até...

Solineide Maria
16-02-2011
Para mim, para Rafaela, Priscila, Agildo, Neide, Flora, Rejane, Paula Faraone, Sirlene, Lenívia, Bruna (que quase não tem medo), Selma.

Comentários

  1. Seu medo ficou uma maravilha em versos, parabéns sempre.

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  2. Soli, sentir medo é muito importante para todos nós, mas o medo abordado por você é sútil,afetuoso e quase humano. Você traz os sentimentos de forma personificada e sempre nostálgica, cada dia mais você se supera. Suas poesias me fazem sempre ficar melancólica, mas é uma coisa prazerosa.
    Beijos!!!
    P.S. não gosto das imagens que vc coloca nas poesias, eu gosto das poesias cruas e que a nossa percepção projeta. Beiojos!!!!

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