O AMOR


O amor, disseram, é um tal fogo que nos consome.
Tal labareda que instiga uma fome.
Trilha que perde e de repente triste se faz.
O amor, disseram, é uma luz
Que se distrai.

É uma palavra mal usada e não mais dita
Da forma exata de como um dia fora inscrita.
O amor, não sei,
Parece luz,
Parece fogo, parece brisa...

E este meu amor, querido homem:
Agora sopra uma certeza que já não sabe
Nem onde e nem quando se assegure.
Talvez exista porto, casa, peito,
Paragem.

Mas é que o medo agora
sopra (quase) unânime.
Quase maior do que a certeza
que antes soprava,
Em teus ouvidos uma mensagem.

Também, eu, quero te encontrar
Num espaço e tempo ainda possível
Para amar.
Seria, no entanto, auspicioso?
Fornalhas entristecidas
Podem voltar a foguear?

O amor, disseram,
É um contentar-se de descontente.

Inverno de 2010.

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