A Máquina


O filme de 2006, chamado A Máquina, (Estúdio Buena Vista,) trata-se de um excelente romance de Adriana Falcão, que abriu um oceano de possibilidades em minha cabeça. Poderia escrever um estudo, uma análise sobre a questão do amor, do tempo, da razão e da loucura...

O filme foi um brilhante que luziu na velha TV e DVD também antigo. O que nos importou (e importa) é a mensagem, e, nesse caso, a mensagem são as mensagens.
As interpretações luxuosas de Paulo Autran, Wagner Moura e Lázaro Ramos (os dois ainda desconhecidos na época), mais Gustavo Falcão que faz Antônio o protagonista da trama, que tenta levar o Mundo para Mariana Ximenes, que faz Karina, uma moça com intenção de partir de Nordestina, para ir encontrar o Mundo. Afinal, Nordestina (cidade fictícia – no fim do mundo) não tinha nada para oferecer aos seus habitantes.
Há "um mundo de nordestinos" que estão no filme, inclusive Osvaldinho Mil de Itabuna) que faz o pai de Karina.
Aliás, que Osvaldinho Mil elenca um monte de filme bom, entre eles Nosso Lar (2010), outro sucesso do cinema brasileiro. E a gente “sempre pergunta pelas novidades daqui deste sertão, e finalmente posso lhe contar uma importante. Fique o compadre sabendo que agora temos aqui uma máquina imponente, que está entusiasmando todo o mundo” (trecho do conto A Máquina Extraviada de José. J. Veiga).
Trouxe esse trecho do conto de José. J. Veiga – A Máquina Extraviada – porque inicialmente pensei que fosse algo sobre tal conto, mas não era. Mesmo que não seja, fiquei imaginando essa máquina do tempo, que Antonio (do filme) engenhosamente diz que funcionará para que viaje cinqüenta anos no futuro, e traga para sua amada, novidades de lá, como essas máquinas que a gente tenta inventar para fugir do marasmo costumeiro que a humanidade nunca se desvia. Talvez, porque nunca nos damos conta de que a boa novidade é calma, discreta, quase invisível: “é preciso ter olhos de ver.”

O filme é muito bonito! O figurino de Kika Lopes, a fotografía de Walter Carvalho e Marcos Pedroso dirigindo a Arte. Nada mais ilustre do que a música belíssima de Chico Buarque: “Porque Era Ela, Porque Era Eu". E tem uma composição de Flávio José, que ficou lindíssima na voz de Prazeres Barbosa “a diva do teatro pernambucano”, chamada A natureza das coisas, que abençoa o filme com muita luz:
“Amanhã pode acontecer tudo Inclusive nada
Se avexe não A lagarta rasteja até o dia
Em que cria asas
Se avexe não
Que a burrinha da felicidade
Nunca se atrasa
Se avexe não
Amanhã ela pára na porta
Da sua casa.”
A Máquina não é um filme, é uma tarde de prazer em ver coisa boa, ou uma manhã, ou uma noite... É um romance tão bom que virou teatro, filme, resenha.

A Máquina é o Brasil dizendo que Cinema Brasileiro é assim: tem conteúdo para mais de um ator, tem para mais de Mil. E que cresce todos os dias e deixa a gente com sensação de preenchimento e não de esvaziamento, que às vezes é bom, mas não sempre...
Vamos encerrar por aqui, porque dizer demais de uma coisa é não dar acesso ao outro para sentir o prazer da descoberta.

Solineide Maria

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