DORMINDO COM UM POETA

Eu não conheço Caeiro, mas ele dormiu comigo
e me fez gozar da escolha de algumas palavras.
Gozei muito com a palavra sentido,
que não consegue explicar.

Gozei com a palavra riso: de quê? Do quê?
Que é riso?
Qual nada! Riso é bobagem.
A vida contemporânea é “inrizível”, ele falou.

Fiquei séria ouvindo aquele homem-amplidão...
Pediu-me com suavidade que não pare.
Não pare de crer na palavra.
Pediu-me severamente para desacreditar nos homens.

Fiquei pálida olhando aquela voz...
Penetra nas coisas sérias e se abandone em si.
Deu-me muitos conselhos e me beijou a fronte.
Abraçou-me e dormimos assim.

Não quero mais acordar.

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