A morte como suporte contra coisas de enganar

Forte e farta fui um dia
Mas o mar carregou tudo.
Meus versos, os meus bordados,
minha pluma, a poesia.

Levou. Carregou. Tomou.
Quedei com as mãos tendo cortes,
com olhos muy solitários.
Quedei somente com a morte.

A morte, então, compadecida;
ergueu o meu rosto triste,
colheu minhas mãos caídas.
cuidou de minhas feridas.

Disse num tom carinhoso
que a todos somente importa
se tens no barco algum dote.
Todo o resto são mimosas quinquilharias.

Bugigangas de brincar,
de inspirar, de enaltecer egos e corpos
preferentes de outros barcos abastados.
Poemas e bordados são bobagens de afagar.

Ela não quis me levar.
Deixou-me a salva na praia.
Aconselhou-me a ser forte e farta,
esquecer de velas, bordados, poesia.

Do Livro Ali Longe no Mar - Solineide Maria

Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Soli era morte não sei pq escrevi noite. Então Retifico para MORTE, RSRSRS.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Análise do poema Olha Marília, As Flautas Dos Pastores - de Bocage

Poema para Pedro

Abacate