DO MAR

O mar não sabe: não sabe que as marés é que mandam. O mar é mar-apenas.
Águas e águas; amplidão que não deseja saber.
Existe. Está. É.
No passado também.
Mas não é menos simples, o mar, por não sabê-lo imenso. Talvez por isso é que seja eternamente amplo. Eternamente misterioso.
Eternamente mar.
É preciso ter muita grandeza para aceitar ser simples. Não ser notado ou sê-lo, apenas, por ser muito óbvio. Está ali aquela imensidão, como, não ver?
Mas não o vemos. O que vemos não chega a ser o início dele. E onde o seu fim? Quem determinou? O homem?
Ah! O homem nunca aprenderá que ser simples é o que significa ser mais...
Não o simples "qualquer coisa", não. Isso é ser pouco, é desleixo. Ser simples não é nada disso, e, nem mesmo se descobriu, ainda, em que consiste de fato.
Mas entre o não saber que se possui uma virtude, um poder,uma grandeza e saber, e, em sabendo, fazê-la pequena, muito mais preferível. Do que ser, e não saber exatamente coisa nenhuma, e ter impressão de que seja algo, alguma coisa de grandioso, porque alguém falou ou porque o temem.
Mas será mesmo que o mar não sabe? Quem terá certeza?
Nada é assim, certo. É tudo suspeita.
Até os intelectuais dizem em pessoa outra... pode-se, sugere-se, hipótese... hipótese... Hipótese!
Ninguém prefere a profundeza.
Aprofundar-se é perigoso, às vezes, mortal.
Tento mais uma vez vez não desistir. Os homens comuns desistem, param: disserem-me.
Mas por que não desistir? Por que insistir numa coisa que fere minha voz e perturba minha pele?
Por que querer saber mais e mais, e, calar tudo em outra pessoa? Pode-se, sugere-se, hipóteses... Sei que virarão documentos e não ajudarão aos que precisam (de fato) saber. Quem manda no que?
Todo poder é triste: disseram...
Por causa disso, o mar parece um menino gigante, mas melancólico?
O mar sabe?

Solineide Maria de Oliveira em 2010 - Para Clinio Jorge. O PROFESSOR, O HOMEM, O VERDADEIRO POETA!

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