VIGÉSIMO

Meu relógio tange
gentes, jogos, o jornal.
Tange a indigestão do jantar.
Gestos injustos de um jogo em seu vigésimo aniversário.
Meu relógio rege,
ajeita, rejeita, chantageia o meu sono.
Não tem jeito:
o relógio vigia meu estômago no encontro noturno com a geladeira.
Um contrato de comer sem júbilo, sem ojeriza e... sem geléia!
Angelina consumiu toda geléia de jaboticaba.
Ela faz isso de pirraça! É genético.
Esse pensamento agita o meu gênio e afugenta o trejeito
do sono desejado.
O jeito é esquecer a geléia e o relógio:
o casamento arranjado,
a degeneração do conceito de estar junto,
o gesso no coração há vinte anos.
Quanto gelo a geladeira nutre, constato.
Olho o relógio e giro o botão até o zero. Melhor degelar.
Voltamos para a cama gelada. Eu e meu coração engessado.
O mesmo gesto-jaula em seu vigésimo aniversário.

Solineide Maria - 17/04/2008

Comentários

  1. Veinte veces más venga!
    Sabes que és siempre bienvenido!
    ps. E pode criticar viu?! Tem gostado dos trabalhos que fiz no Curso? Acha que podem ser úteis?
    Solineide Maria

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Análise do poema Olha Marília, As Flautas Dos Pastores - de Bocage

Poema para Pedro

Abacate