O PODER DOS NEWSGROUPS (O mercado jovem e o marketing do cool)

O PODER DOS NEWSGROUPS
(O mercado jovem e o marketing do cool)

“NENHUM ESPAÇO FICOU SEM MARCA.”

A contradição dos que buscam ser diferente sendo exatamente igual a todo mundo é deprimente. Enquanto as marcas usam e abusam dos corpos e mentes, é possível verificar a auto-alienação que acontece (sobretudo) com os jovens e sua cultura. É como se da luz viesse as trevas, a escuridão, a negação de outra “alternativa”. Ser alternativo não existe mais. Podemos imaginar aquela brincadeira de criança que usa a pergunta “cadê a carne que estava aqui” sendo usada para outra finalidade. Saber “cadê a cultura tal que estava aqui?”. Evidente que a resposta seria: A MARCA COMEU...
Quando as marcas descobriram que os jovens eram um mercado extremamente promissor, começaram a investir pesado nas criações para essa fatia. Havia aparecido a oportunidade tão esperada. A cultura jovem torna-se uma verdadeira mina de ouro no início da década de 90 quando começou “a crise da marca”, quando surgiu a carência de uma nova classe de compradores.
Esse deslocamento de foco da fábrica para a empresa traz os caçadores de diferença: pessoas que vão em busca do que está sendo usado pelos jovens, o que está atual, o que está sendo aceito. Essa caçada começa nos guetos já que “as roupas mais empolgantes são as das pessoas mais pobres” segundo o estilista Christian Lacroix. A Tommy Hilfiger habitua-se a utilizar modelos negros “unido” a brancos e a bandeira dos EUA de fundo, fazendo referência a imagem de sociedade ideal. Redesenhou roupas, adotando o estilo cores mais fortes, roupas maiores e mais largas.
A Nike foi além, se apossou do estilo e atitude dos negros do gueto e adotou uma prática que eles definem como “bro-ing”, que nada mais é que enviar uma equipe de marketing às quadras de basquete da periferia e dizer” e aí bro, o que você acha desse tênis, dessa calça, dessa camiseta?”. É ridículo, mas é verdade. Funcionou. Tanto que hoje a Nike desenvolve centros de recreação para periferia, promovendo seus produtos e “testando” seus produtos. Em áreas mais elegantes da cidade onde os ricos moram isso seria chamado de publicidade e o espaço teria de ser pago, mas no gueto a Nike não paga nada e toda a exploração é chamada de donativo.
Mercantilizaram (sobretudo) a cultura jovem. “A maior parte da cultura jovem” se transformou no que os sociólogos Robert Goldman e Stephen Papson chamam de “desenvolvimento interrompido”. Eles acreditam que sem a exploração comercial do punk, grunge ou hip hop não teríamos idéia do que seriam.
Para que as marcas sejam de fato cool começam a fazer o marketing da negação do cool ― que fatalmente acaba por toná-las cool.
Acaba que o cool usado é o novo cool. O espaço mental então é alcançado. Toda essa teia é extremamente planejada. Todo o espaço então é invadido e as marcas se apropriam até do passado, do “retrô”, das histórias reconsumidas.
Não sabemos se há algum espaço que a marca não tenha conseguido sorver. Além do capítulo pesquisado, o livro, em seu bojo, nos convida a refletir sobre o cerne de tais questões. E muito maior, fornece material para outros questionamentos igualmente importantes, acerca dos perigos da globalização que envolve toda a estrutura das marcas.


COOL é uma expressão em inglês, significa: "legal!!" uma definição para o termo - encontrado em: br.geocities.com/cucagelada/glossario/c.htm

Resumo do capítulo O poder dos newsgroups - O mercado jovem e o marketing do cool; do Livro SEM LOGO da AUTORA: NAOMI KLEIN.
Este Resumo foi apresentado por Solineide Maria de Oliveira na Disciplina CHF 109 Sociologia II do Curso de Letras da Universidade Estadual de Santa Cruz como avaliação do 2º crédito.

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