Nossa Senhora dos Rejeitados

Peço que debruce em mim os Seus cabelos, para que eles toquem meus olhos e eu esqueça. Para que eu esqueça como é o olhar de quem não me quer, mas aceita minhas poesias, poemas e tolices oralizadas.
Rogo, Senhora, que uma hora dessas, ele me fale em bom tom: saia de minha frente! Saia do meu e-mail! Como quem quer dizer: “desapareça, pois eu não te quero”.
Clamo, Senhora, com o coração esgarçado feito uma luva velha, feito um tapete envelhecido, feito um desses lençóis puídos - que isso que não cessa, esse sentimento intranqüilo por não ter sido recebido, seja retirado como em mágica.
É minha culpa, foi minha grande culpa eu sei, mas agora basta Senhora.
Assumo que sou pueril, que fui pueril, que insisti e que pequei por isso. No entanto, neste momento Nossa Senhora dos Rejeitados, apanhe minha sacola de pano em vão bordada, a minha mão caída e me guie em outra direção. Outra, que não tenha nenhum homem leitor. Outra, onde minha poesia rechaçada, possa ser escrita para o silêncio das paredes despovoadas.
Amém.

Solineide Maria - Para O Livro de Orações da Mulher - 18/11/08 (23:47)

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