Livrai-me meu Deus de mim!

Na santa paz de Deus quero vestir a roupa de dormir e sonhar com meu marido jovem e feliz. Sonhar é uma possibilidade: então, vamos a ela, preciso se faz.
Ontem ele me bateu até sangrar. Não acreditei quando me olhei no espelho, um olho roxo e um dente frouxo. Como pode? Solucei. Como pode uma mulher formada, Psicologia Social... Mãe de dois homens casados, boa filha, carro na garagem, alunos na escola me esperando e essas marcas na cara? Como pode meu Deus?
Não tenho força de para com isso, e o que é isso afinal? Que tipo de doença, já que não se sabe ao certo o que nos faz ficar com homens assim. Medo? Medo eu tenho de alma, de fantasma, de terremoto e de vulcão. Mas isso?
Responde meu Deus! Não me deixe esse silêncio incorreto e solitário como única testemunha disso que nem sei nomear... Arranca de mim esse, esse, esse o quê? Essa?
Não pode ser medo, não deve ser medo, porque lembro que na infância, tinha medo de lesma. Mas aí, depois, descobri que era fobia. A fobia paralisa. É fobia meu Deus? Ela me paralisa a ação de sumir desta casa? Deste lugar, desta vida e deste “homem”?

Solineide Maria – Para O Livro de Orações da Mulher

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