EU QUERIA

Eu queria abraçar-te um só momento,
e dizer-te num meigo e curto beijo,
que nunca esquecerei tua presença.
Que antes de aqui terdes aportado,

nesta pequena e tristíssima sala solitária,
já havias de mim te apropriado.
Não permitas que antes de ir-me embora
nunca mais possa ver-te a desejar-me

boa noite, bom dia e bom adeus.
Eu queria ainda mais um pouco,
que teus dedos formassem uma
benção no meu rosto:

que anda triste, que anda só, que anda saudoso.
Mas é tudo num futuro inexistente
que desejo tais loucuras meu amado,
pois bem sei que estás em outros braços

e bem sei que estes, são mais encarnados.
Não te culpo, sou frágil mesmo e não sou bela.
Não te culpo, sou mesmo falha e meus versos
não dão conta de enfeitar a tua casa: não bordam,

não cozinham e nem tecem...
Eu queria que antes de encontrar-te, já tivesse
minha vida organizado e assim, tranqüilos,
escreveríamos versos pela tarde.


Solineide Maria de Oliveira – para o Livro de Orações da Mulher – no prelo.

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