SÁBADO

Outro dia acordei e era sábado. Então, pus-me a pensar no que fazer, já que o dia pedia que dele me apropriasse. A dúvida surgiu terrível e grande: sábado é feito para quê? Principalmente quando brilha num azul inesperado de inverno? Namorar não dá, porque estou sozinha e já nem sei se gostaria de não estar. Perdi o jeito de ser acompanhada. Perdi a paciência com o outro e não sei, sequer, se o outro gostaria de estar acompanhado desse meu sábado e de minha acanhada pessoa enjoadinha.
Um sábado é para passear? É para sair e comprar quinquilharia? Ou serve para comprar mantimentos e arrumá-los muito vagarosamente na dispensa da cozinha? Perder esse sábado não é perdoável. Ou melhor, não seria, pois ainda na cama com as cobertas, lembrei que existem umas roupas que exigem limpeza.
Um sábado inteiro então, surgiu para perder com as coisas práticas de minha vidinha... Depois fui lembrando de tantas coisinhas: da comida esperando o seu concebimento para logo mais (o almoço) e para toda a semana. Lembrei-me muito triste da visita que ainda não fiz a Catherine para conhecer seu novíssimo filho. Lembrando fui das outras visitinhas que poderiam ter acontecido num dia de sábado assim claro-intenso.
Sábado devia acontecer duas vezes por semana. Sério. Um sábado seria para as coisas práticas da vida serem organizadas e o outro para as visitinhas atrasadas. Para namorar, sábado não serve, pois depois do sábado vem o terrível domingo com sua áurea de dia para pensar e organizar toda a semana. Toda a semana que não sentimos passar... A maioria delas tem sido assim: árdua, implacável, forte. Sentimos tudo mesmo é no sábado. Por isso, esse pleito inocente por um sábado reserva é de grande entendimento. E no caso de virar projeto teria grande aceitação.
Partirei daqui (do quarto em desalinho), para meu sábado azulado, que será desperdiçado com as coisas práticas da vida. Qualquer pessoa perceberia, que um sábado como este que aparece na janela escancarada, não deveria ser desperdiçado.

Solineide Maria.

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