O amor, não sei...

O amor, disseram, é tal fogo que consome,
É labareda que instiga uma fome
Trilha que perde e de repente triste se faz.
O amor, disseram, é um farol
Que se distrai.

O amor
Palavra mal empregada quando emitida
Pois a maneira para que fora inscrita há muito anda esquecida.
O amor não sei: parece luz,
Parece fogo, parece brisa.

E este meu amor, querido homem,
Agora sopra uma certeza que já não sabe
Nem onde e nem quando se assegure.
Talvez exista porto, casa, peito,
Paragem.

Mas é que o medo agora está
Mais forte,
Que a labareda que um dia ansiosa
Soprou unânime,
Em meu peito uma mensagem.

Também queria te encontrar...
Num espaço e tempo ainda possível
Para te amar.
Seria, no entanto, auspicioso?
Fornalhas entristecidas
Podem voltar a foguear?

O amor, disseram,
É um contentar-se de descontente.
Talvez por isso melhor seria
Erguer aos céus milhões de preces
Para este lírico amor desencantar.

Solineide Maria
Junho de 2009

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