BETE PARTE TRÊS

Bete aspirava a felicidade, mas a frustração sempre a acompanhava de perto. De longe também. Uma vez, foi por algum tempo, quase feliz, mas Bete queria mais. Queria ser feliz totalmente, cem por cento mesmo. Bete sempre queria cem por cento. Ela nunca se deu conta de que essa conta fechada não existe na vida. Às vezes parece existir, mas é pura invenção. Só que Bete não ouvia ninguém e nem queria saber de mudar de opinião de repente, ela sempre queria ver pra crer e sempre, mas sempre, se dava mal. Bete nunca aprendia...
Seguia, então, Bete, aspirando a felicidade, que para ela, estava metade no amor e metade na vida cotidiana. Era assim, para ela tinha de ser cem por cento, meio a meio, tudo certinho, no lugar. E nunca se dava conta de que essa conta não fechava em momento algum.
Bete sempre acreditava que no outro dia, da próxima vez, na próxima relação, quem sabe, quem sabe... Só que dessa vez Bete não estava mais tão empenhada na aspiração da felicidade, sentia as pernas e os pulmões vencidos, quase chegava a enxergar a data de validade. Bete não estava bem. Bete nunca esteve bem, mas aspirava, lembra? A tal felicidade cem por cento.

Solineide Maria

Comentários

  1. O conteúdo de blog é fantástico.
    Muito boa a literatura que encontrei aqui.

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  2. Rafael: obrigada pelo carinho. Seja sempre bem vindo!
    Solineide Maria

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