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Mostrando postagens de 2010

Todos os dias agora acordo com alegria e pena

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IV Todos os dias agora acordo com alegria e pena. Antes acordar era abrir os olhos (apenas) sair da cama. Levantar e sair da cama não é acordar: descobri. Descobri isso, porque hoje eu amo. Ter alegria e pena me acrescenta, Sou maior hoje que tenho alegria e pena. E posso estar na realidade onde está o que sonho. E o que sonho pode ser minha realidade Sem que isso fira meu sonho. Ainda não sei o que serei sendo eu mesma, Mas quando ele me diz alguma coisa, Eu acordo e me reencontro (acordo). Quem ama (de fato) não é mais a mesma pessoa, É completa, mesmo solitária. E mais completa, se acompanhada. (Trata-se de uma releitura minha, do Livro de Fernando Pessoa: O Pastor Amoroso).

Tire a poeira da palavra amor!

Tirar a poeira da palavra amor, Clarice Lispector nos asseverou. Mas como? É só assim? Tirar a poeira e se aprumar para amar? Lógico que não! Por isso, há que se tirar todo santo (ou nem tão santo) dia. Ir tirando até o fim , que segundo meu professor de tudo (Clinio Jorge) não existe. Tirar a poeira da palavra amor ação, é desembainhar a vontade de se melhorar, de se ampliar: de amar, de fato. É abrir espaço para o AMOR e não para esse amor , esse amor ... qual mesmo? É sangrar fazendo o exercício do amor, do amar na cadência das vinte e quatro horias do dia. Não é fácil, mas Rilke , brilhante ser humano e poeta (e vice-versa) disse, que por isso mesmo, o ato de amar já é Divino, porque não é (mesmo) fácil. Tenho tentando tirar a poeira da palavra amor, às vezes dá certo (penso). Algumas vezes, falho. Mas não porque sou humana falho porque é natural falhar, sendo deus pequeno, Deus grande ou um Zeus qualquer... Agora o que não se pode é desistir de tal aventura de ação (ação de AGIR)

PROFECIA DESPEJADA

Deixa eu dizer... Os favelados aos montes estão por aí, entrando nos lugares mais recônditos. Por aí também, a indiferença ampara os descontentes. Nenhuma novidade. Mas ao fundo existe uma mensagem, e se lermos com carinho, quase explícita. Deixa eu dizer: a vida organiza a virada aos poucos, mas aos montes, as mudanças invadem os lugares e sobretudo as pessoas. Dos moradores de casa de papelão, pode vir a solução. Dos que comem restos (sobras) virá a comoção do Amor Divino, espalhará luz cintilante. Avante. Dos ombros dos que carregam além de pedras, sonhos: desses ombros haverá de aparecer asas, na força de um novo homem "numa velocidade estonteante". Deixa estar. Plantai vida nas crianças, são os homens a seguir. E saiba: a angústia pode comer as horas vazias daqueles que sujam o dinheiro. Deixa eu dizer: dos que saem às 3 da matina, vai aparecer o homem que mudará... Então a límpida mudança há de reinar e o sol do AMOR há de rai

Duvidazinha

O dia trouxe umas lembranças e acordaram alguns questionamentos. Talvez, por causa do vento. Ele disse umas palavras confusas sobre frio e secura. O frio me recordou a sua ausência (falta). Um não sem palavras. Esse tipo de negação é muito duro. Dói feito açoite. Corta, mas na alma. A janela um pouco aberta escancarou, de súbito, com a força de uma rajada. O vento quis trazer minha sanidade? Por isso, acordou meu pensamento Teria sido isso? O dia trouxe umas lembranças que acordaram, em mim, alguns questionamentos.

A Máquina

O filme de 2006, chamado A Máquina, (Estúdio Buena Vista,) trata-se de um excelente romance de Adriana Falcão, que abriu um oceano de possibilidades em minha cabeça. Poderia escrever um estudo, uma análise sobre a questão do amor, do tempo, da razão e da loucura... O filme foi um brilhante que luziu na velha TV e DVD também antigo. O que nos importou (e importa) é a mensagem, e, nesse caso, a mensagem são as mensagens. As interpretações luxuosas de Paulo Autran, Wagner Moura e Lázaro Ramos (os dois ainda desconhecidos na época), mais Gustavo Falcão que faz Antônio o protagonista da trama, que tenta levar o Mundo para Mariana Ximenes , que faz Karina, uma moça com intenção de partir de Nordestina , para ir encontrar o Mundo. Afinal, Nordestina (cidade fictícia – no fim do mundo) não tinha nada para oferecer aos seus habitantes. Há "um mundo de nordestinos" que estão no filme, inclusive O svaldinho Mil  de Itabuna) que faz o pai de Karina. Aliás, que Osvaldinho Mil el
PESSOAL: Férias enfim! Daí que estou lendo o que não é obrigatório. rs Leitura por prazer, dessas que a gente lê e sai e volta. Não temos que entregar resumos, nem fichamentos, nem escrever artigo, nem resenhar. Ai, ai... que delícia! Estou botando em dia a leitura de livros enfileirados na mesinha de madeira gasta. Tadinhos... estavam, já, empoeirados, mas calma meninos e meninas, estou aqui e tenho olhos (de ler) para todos vocês. Comecei olhando cada um, a carinha de Carlos Drummond assim, cabisbaixo. De cabisbaixo ele não tinha nada, uma figura dessas que andava como quem flutua no universo de muitas produções maravilhosas. Tem um cara que tenho mais medo: Pessoa. Fico trêmula sabe. É que esta criatura me deixa em fiasco total, pois sua leitura me acende umas questões que não me deixam descansar à noite. Drummond me faz isso também, mas parece que Drummond não me cobra as respostas assim, na lata . Pessoa fica me olhando na sala, na cozinha, na hora do banho. Como quem diz: e aí mo

D'O Livro da pessoa que Desassossegou (de Solineide Maria)

Sou um poeta sozinho que não sabe escrever. Vivo apenas. Ou nem isto. Sou um cidadão qualquer, Ouço vozes, silencio... Sou isto? Ou nem isto sou? O que tenho aprendido? Tantas vezes me detive num estudo muy frágil: Procurar em mim, eu mesmo. Não consegui. Não consigo responder. E essas cartas... Tolo, idiota, homem comum! Já quis ser companheiro, não consegui. Lutei com alguns sobre questões. Mas palavras não resistem Contra a verdade cotidiana, Pouca e pequena. É preciso comprar pão, carne, leite, Pagar o aluguel, o café e a puta. É preciso ter mãos para o trabalho. Escrever poesia? Ora! Vá trabalhar! É preciso se apaixonar e mentir, E dizer coisas banais. Ninguém entende os que não amam comumente. É preciso dançar a dança comum. É preciso escrever o que os outros possam entender... É preciso, sobretudo, se fazer entender feito todos esses outros. Sou um poeta cansado. Acordo, levanto, desjejum. À tarde. À tarde. Atado. Um ataúde a tarde em mim. A Noite sim, me consola. Bela, educada,

Interesses

Não analisar. Não julgar. Não desperdiçar palavras. Não cometer o crime de des-amar quem quer que seja. Não arriscar de menos. Nem de mais. Não ser a moça que tapa o vazio de uma noite sombria. Não decepcionar minha poesia. Conhecer e reconhecer amigos. Amar e ser amada. Aprender a amar amando. Aceitar os que não gostam de mim Ou de minha poesia. Ser feliz.

Do Diário de uma Virgem Louca

Em verdade, em verdade te digo que sei que o meu som não causa nada em teu olhar. Que é difícil, por dentro, nos unirmos. Bem, assim, por fora. Em verdade, em verdade te digo que não aprendi ainda a me conformar com pouco. Por isso, tanto evoco por ti. São palavras sem som, eu sei. Mas o que é palavra? E o que é som? Em verdade, em verdade estou repleta de sins. Preciso aprender a ficar plena de nãos. Em verdade, em verdade, não é pecado ser tentada, mas é preciso erigir barreiras. 01/08/2020 Solineide Maria (livro em apreciação por editora)

AGRADECIMENTO

Deus, obrigada por mim.
"O amor só começa a desenvolver-se quando amamos aqueles de quem não necessitamos para os nossos fins pessoais." E.Fromm Achei tão bonito isso... Lembrei de Saramago. Aliás sei tão pouco de tudo. É uma leitura que faço... Vejo em Saramago mais Deus (esse que inventaram - dizem) do que os tantos religiosos e "crentes" que já vi e conheço. Saramago se aproxima de Madre Teresa,Gandhi,Santo Agostinho e do próprio São Francisco. Digo, em questões filosóficas. Sei que o transcendental em Saramago é o "aqui e o agora". Embora a Metafísica seja bastante interessante (opinião). Fiquei envergonhada ontem. Minha fala (na sala de aul sobre O Ensaio sobre a Cegueira, de Saramago) ficou como se fosse pueril demais. E eu nem havia terminado. Li hoje isso e lembrei de ontem, de Saramago, de Deus, das cegueiras da gente, que nem vê que o outro fica triste, cala e sai. A gente já ensaiou demais a bondade de ser menos gente e mais humano. Precisamos praticar a humanidade!

EU NÃO SEI CONTAR POEMA

Eu não sei contar poema Me perdoe. Não sei mesmo escrever um É tudo trama. Eu não sei ler um poema Me desculpe. São eles que me dão Leitura e amor. Nunca soube também Amar direito. Disso, creio, já te disse Mas repito. Tenho mesmo muitas falhas Mas suplico: Tende piedade de mim Rogai por mim.

Carta para Paulo Freire

Paulo Freire: Você não me conhece. Sou uma dessas pessoas comuns, que desfilam pelas ruas, muitas vezes, ensimesmadas, pensando suas impossibilidades. Ainda não sei o suficiente para me dizer intelectual. Ainda não sei ler direito, não sei escrever direito... Embora esteja cursando uma licenciatura numa universidade pública. Moro numa cidade do interior do sul da Bahia, no Brasil que você amou. Ainda não sei o que farei quando terminar o Curso. E na condição de estudante, devo permanecer. Mas acho isso bom, porque me desviará da possibilidade de virar uma dessas pessoas que retesam o “pouco” saber a que tiveram acesso. As suas falas ficam me pedindo reflexão... E, por isso, talvez, não tenha parado. Por isso, talvez, com 36 anos, tenha superado algumas pessoas, alguns pesadelos e muitas barreiras gramaticais. Por isso, por saber que sou um ser inconcluso, por saber que sou mesmo inacabado (fissurado até) graças a essa certeza, devo ter seguido. Peço que nos ajude a termos essa consciên

Carta

Itabuna, 09 de março de 2010. Professora Marialda: Ao falar o que mais me tocou com relação à Língua Portuguesa nos anos de escola, não podia deixar de fora um lado importante dela, que, em geral, na contemporaneidade, parece sofrer muito preconceito: meus primeiros anos de escola. Esses anos, que vão da primeira à quarta série, são hoje pertencentes ao Ensino Básico. Naquele tempo, as escolas de maternal até o pré-primário eram chamadas de escolinhas. Eu e meu irmão frequentamos juntos durante seis meses apenas, tempo em que meus pais puderam arcar com tal despesa. Mas não foi nada demais ficar pouco tempo ali, já que minha mãe, com apenas sua quarta série do primeiro grau de escola rural, havia nos alfabetizado. Conhecíamos as letras do alfabeto e os números. Conseguíamos escrever nossos nomes e ler algumas palavras. E mesmo não tendo decorado a tabuada, já conseguíamos resolver as operações mais elementares. Foi assim com os seis filhos. Minha mãe alfabetizou todos em casa. De modo

De nada adianta amar errado

De nada adianta amar e não abrir mão e não dar a mão e não, não, não, o tempo todo.

ALGUMAS PALAVRAS À POETA SOLINEIDE MARIA E, SEUS LEITORES.

Em 1999, vivia eu em Porto Seguro, quando pela enésima vez, uma amiga de Itabuna que por lá também vivia, disse-me que eu precisava conhecer Solineide Maria de Oliveira; a amiga foi insistente, disse que Soli... isso; Soli... aquilo; que era uma poeta sensível, que tinha uns escritos interessantes, que era gente boa, enfim... foi convincente. Feito o contato, Soli e eu, iniciamos correspondência... eram trocas de cartas, poemas, visões de mundo, opiniões, até queixumes eleitorais; ela em Itabuna, eu em Porto, e a internet e os Correios fazendo a ponte. Fui conhecê-la pessoalmente, apenas, em 2001; quando, de retorno à São Paulo encontrei-a na Estação Paraíso do Metrô e, a essa altura, já sabia que tinha diante de mim uma pessoa especial, uma amiga, uma poeta madura, lapidada, pronta para os leitores. E hoje, passado tanto tempo de uma amizade sem declínio, meu desejo de estar presente neste momento especial, se realiza através deste texto de homenagem. A verdadeira poesia não carece d

Da apresentação

Tensão tensão tensão... São tensas pessoas, tesas pessoas, não são intensas pessoas que avaliam... Desprezam humilham retesam. Na maioria dos casos.

Depoimento de Clinio Jorge de Souza sobre a autora e seu livro Ali longe no mar

A princípio você me pareceu frágil, tímida e eu esperava de você o que espero de meus alunos, pelo menos no começo dos nossos encontros: algo assim mais ou menos que vai aos pouquinhos criando jeito de texto, tateando, germinando. Porém, você me surpreendeu logo com sua força estranha, de uma forma muito agradável. Passei a ter prazer ao ler seus textos, fosse o que fosse o que lhe pedisse. Hoje sei de suas crônicas, poemas, crônicas poéticas, enfim até daquele seu artigo que escapava, sempre que podia, para a praia poética. Não posso estar aí ao vivo, mas creia, Solineide, estou aí em espírito (ainda que vivo, que fique bem clara a metáfora...). Para lhe dizer da alegria de tê-la conhecido, participado um pouco de sua vida poética, dividindo com você leituras, textos, impressões. Foi muito gratificante ter sido convidado a deixar registrado em seu delicado livro um pouco do que penso de você e da sensibilidade dos seus viceversos. São mesmo vices e versos porque falam de mais de
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Eu e professor Odilon. Segundo semestre de 2008. Obrigada por tudo professor. Solineide Maria

POEMA PARA SARAMAGO, PARA OS QUE SE LEVANTARAM, PARA OS QUE SE LEVANTAM E PARA OS QUE ESTÃO A LEVANTAR-SE.

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Nesses tempos difíceis já vivemos. Pais e mães e filhos e netos e cães. Fomos mendigos da Terra e da terra vencedores. Mataram-nos, sobrevivemos. Fomos carpindo a nós mesmos a terra e as coisas todas. Sofremos. Sobrevivemos. Ainda hoje lutamos contra a miséria da fome, contra a fome da miséria, Contra homens que destroem e contra outros que mentem que querem reconstruir. Ainda hoje, aqui, ali. Em todo canto. Em todo o mundo. Somos os mesmos mudados, melhorados graças ao Cosmos, graças à pedra que é outra, graças ao trabalho morto e vivo de nós mesmos. Somos a Revolução dos Cravos, mas somos a de Chico Mendes. Somos os homens sabidos e idiotizados, estilo de homem que nos fizeram. Mas sabemos. Alguns sofrem e o sabem. Alguns não querem (ainda) saber de nada. Como antes. Mas sabe-se que todo tempo de mudez já não tem cabimento. Sabemos. O levante ainda se faz todo dia, aqui ali Além: no Alentejo. Sabemos que fomos Sara e Domingos, sabemos que fomos todos os que sofreram Salazar e sabemos

TODOS OS POEMAS QUE PUBLICO AQUI, SÃO DE MINHA AUTORIA.

Exceto citações, mas aí, são citações : dou o nome dos autores. É que ontem, uma menina me perguntou assutada: mas são todinhos seus?! Na hora ri, mas percebi que precisava notificar por aqui esse acontecimento. Um abraço a todos. Solineide Maria
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O novo poema não vem, porque a vida anda com pressa demais. Não vem, porque estamos todos falando com nossos ais. O novo poema não quer nascer aqui. Aqui não está acolhedor, sereno, bom. O novo poema quer paz. O novo poema quer o êxtase do encontro, quer o veludo da calma, quer as liras mais tranquilas. Aqui não tem dessas coisas, não vem tendo. Acabou. O mundo não é viável para um poema assim. O novo poema, se viesse, desmaiaria profundo. Não de êxtase, mas de horror! imagem: "O Êxtase de Santa Tereza", Bernini, 1645-52. Escultura - Capela Cornaro, Santa Maria Della Vittoria, Roma.

SAUDADES DA INFÂNCIA

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Por que o mesmo caminho, feito mil vezes ou mais, agora não parece o mesmo? Por que será que acontece? Por que será que acontece, de quando a gente dá de crescer, a rua se torna grande? Por que será que acontece? Por que a casa dos pais, a mesmíssima casa dos pais, não mais volta a ser a mesma Por que será que acontece? Será que no fundo, bem no fundo, é pirraça do destino? Por que será que acontece? É para nos empurrar ao crescimento constante? é mensagem: "Vai e cresce, buscai novos horizontes". Por que meu Deus que cresci? Se com sete, oito anos já sabia que crescendo perderia meu brilhante... NA FOTO, A POETISA CONTAVA COM SEIS ANOS DE IDADE. Publicado também, no Recanto das Letras em 21/10/2010 Código do texto: T2569387

Poema de fim do amor (este poema foi escrito para um Concurso. O tema era Fim do muno ou Amor)

No fim do mundo eu já fui, inalei poeira tóxica, saltei algumas encostas, trouxe o último ar limpo para lhe presentear, chamar sua atenção. Não aconteceu. Você não ligou. Fui nos confins de minh’alma. De lá voltei com uma sacola de pano, plena de tantas coisas... Umas eram brilhantes feito o amor. Outras, nem tanto, mas luziam cores e expressões de anjo, asa, água pura. Coisas quase divinas. Você até gostou, mas esqueceu na soleira: alguém as levou. Peguei um barco para Cidade do Nada. Trouxe de lá, pra você, a intenção originária. Saqueei casas vazias, traí o anjo da morte e trouxe dele um retalho do trapo que é sua capa, a última lâmina usada e um seu qualquer verso triste. Nada disso lhe afetou. O que afeta a você? Afeta-lhe o afeto? Afeta-lhe para o bem ou para o mal? Você prefere que tipo de afeto? No fim do mundo já fui para ver se lhe afetava... No fim do mundo eu já fui, inalei poeira tóxica, saltei algumas encostas, trouxe o último ar limpo p

MEDO

Tenho medo de não conseguir ler, Não conseguir ler...

"O beijo mais constrangedor do mundo"

O homem sai de um buraco, depois de ter ficado mais de 60 dias soterrado. Fora dali, cá em cima, sua amante o aguarda. O homem não sabia... Não sabia que tudo havia sido descoberto, e ele encoberto por terra lá embaixo. A mulher se aproxima sem melindres, e ele, atônito: envergonhado? O homem nem consegue erguer os braços e abraçá-la. Onde está minha esposa (deve ter pensado). As câmeras filmam a tudo. Fotografam, as outras. Essa outra nem aí. Feliz da vida com "seu" homem tatu , da outra. Eles que encontravam-se às escuras, nas tocas-moteis da vida, agora ao vivo para todo o MUNDO ver. Ela deve ter ficado excitada. A esposa, que confusão... A esposa não quis ir recebê-lo. Fez bem, não teve força de saber da traição junto com o mundo inteiro. Ele saiu ou entrou num buraco pior? E agora para sair desse buraco? Que coisa mais vexatória. Acho que ele foi o único dos 33 que queria se enfiar no buraco, novamente...

A ASCENÇÃO DOS 33 CHILENOS SOTERRADOS (Subam meus irmãos)

Venham para a vida viver de novo, amar de novo, de novo temer. Venham ver a vida daqui de cima; amar, apesar de quaquer baixeza humana. Venham acordar por cima da Terra, em cima da cama de suas donzelas. Venham gozar da vida o que há de bom. Tomar café, ouvir o sol. Voltem para cima, que a vida é boa, que a vida é leve, que vocês merecem! Agradeçam a Deus, tudo foi Divino, tudo foi perfeito, foi maravilhoso. Abracem seus filhos, beijem os seus pais, amem suas mulheres, Merecem essa paz. Agradeçam muito aos seus Protetores. Porque na verdade foram cuidadores. É bom ver o homem unir-se assim, por seus semelhantes acima de qualquer baixeza.

POEMA PARA CLARICE LISPECTOR

Clarice me diz de você. Onde é a tua pressa? E a tua, clama? E diz das coisas que escrevias, escreves ainda, nessa terra onde as torres nunca param de crescer? Clarice, se eu tiver outra filha, terá teu nome para alvorecer as ideias. Clara feito uma manhã, toda manhã é bem clara (devia ser). Clarice, vem me atormentar; que assim calma, sou sem sal. E sem açucar. Solineide Maria (poema publicado no Recanto das Letras)

DIA DE ELEIÇÃO (exercitando a cidadania...)

Hoje é dia de votar rarara... Hoje é dia de assumir hihihi... Hoje é dia de eleger hehehe... Hoje é dia de parirmos novos seres engajados a nos desobedecer. Novos seres que fenecem, falecem, afrouxam quando chegam ao poder. FATOS E FATORES PARECIDOS COM O REAL NÃO SÃO MERA COINCIDÊNCIA.

A Poesia não é brinquedo (coitadinho do poeta)

A Poesia não é brinquedo. Não manda recado. Não diz a que horas chegará. A Poesia não marca encontro. A Poesia é quem manda. O poeta obedece. A Poesia é Senhora, tem validade ad eternum . O poeta, coitado, pensa que manda. O poeta, coitadinho, pensa que é dono... Senhora é a Poesia. A Poesia tem a chave da hora, tem a hora, é dona de si. Coitadinho do poeta...

PROCURANDO A POESIA...

Enquanto 2011 não vem e a pausa é cansada... Enquanto ouço a voz da saudade de madrugada. Enquanto nosso encontro não acontece. Enquanto a prece não funciona. Enquanto a ansiedade é quem toma posse toda semana, toda semana... Enquanto não há o que ver de interessante na TV. Enquanto isso tudo, nada: se passa. Por que não aparece um poema bem legal p'reu escrever?

NASCIMENTO DO POEMA (ou da necessidade de escrever)

Basta... sentir que se poderia viver sem escrever para não mais se ter o direito de fazê-lo. Rainer Rilke Não posso, não consigo. A veia enquadra a mão, passeiam gestos. A voz noturna, bombeia as palavras. Palavras! Escrevo à luz de nada, à luz do que queria. Querer: outro nome para anti-coisas não possíveis. Preciso, preciso, eis o termo correto. A folha. O lápis, caneta? Não importa, já vai nascer, já vai sair... Apenas uma frase inicia, uma frase, o poema, a Poesia. Para RILKE De Solineide Maria

AINDA

Disse ainda, porque não pude (ou não posso) dizer para sempre. Que o sempre , não sei quando, pode ser um instante. Disse ainda, porque sendo assim, há o momento seguinte: Outro presente dentro de um momento que não existe. Mas existe... Ainda que não seja assim, às vistas...
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Agradeço eternamente a vocês, pelo cuidado amoroso que deram aos poemas. Ficou verdadeiramente lindo! Nunca hei de agradecer direito.

UMA FOTO MAIS QUE ESPECIAL

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Minha mãe, eu, minha filha, meu pai.

MINHA FAMÍLIA

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Claudia, Agildo, Elenilva, Jefferson e Tcharly

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Amigos do Curso Letras - UESC. Obrigada por comparecerem! Fiquei imensamente feliz.

INSTITUTO DE FLAUTA PROFESSOR CARLOS OLIVEIRA

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Professor Carlos e seus alunos abriram o Evento. O projeto Instituto Professor Carlos Oliveira, é uma ideia de Carlos (professor de instrumentos). Não cobra nada dos meninos e meninas. A gratuidade está presente também, na figura sempre alegre em apoiar e ajudar. Obrigada Carlos. Obrigada aos meninos e meninas, à Silvana - esposa do professor. Minha noite foi nossa noite!

Cibelle e Solineide

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Últimos acertos! O que falar? O que calar? Cibelle deu um show!

Hora de começar!

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Mercedes Midlej

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Mercedes, sempre elegante, numa conversa com Sira e Zélia. Lucas, Designer Gráfico(amigo), mirando a todo.

Amigos, amigos, amigos...

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Estou de costas e converso com o amigo Luiz Leite e a amiga Clícia. Professor da UESC, Mestre em História, Marcelo Lins (meu amigo da época do secundário)de mão no queixo. Saboreando um salgadinho? rsrs

Estava tudo muito bonito.

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FOTOS DE PAULO FONTES

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Uma criatura de olhos de poeta esse Paulo Fontes. Clicou os detalhes assim: poetizando.

Convidados

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Os dois de camisa amarela: meu irmão Solivaldo Marques(costas) meu cunhado professor Joselito Machado. Sentado de calça branca (canto esquerdo) professor Carlos, do Instituto de Flauta Carlos Oliveira.

Dona Regina e Seu Lourival. Minha mãe e meu pai.

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Foi ótimo! Eles foram, apesar do frio da noite e do pouco jeito com Eventos demorados... Fiquei feliz da vida.

Os meus sobrinhos: André, Rejane, Regina . E Tiago (marido de Regina)

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Flores e poesias

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ALI LONGE NO MAR - Dia do Lançamento

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As fotos são de PAULO FONTES - Fotógrafo de Ilhéus/Ba. Ele poetizou cada pose e detectou a Poesia a noite inteira, através de sua máquina fotográfica.

ALI LONGE NO MAR

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RAFAELA

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Rafaela querida, Escrevi umas coisas novas. A Poesia às vezes não visita quem está com dores físicas... Às vezes, ela precisa se distanciar e olhar pela janela do nosso coração. Às vezes ela manda recados, pelos corações que nos amam sinceramente. Do tipo que você me deu ontem: "escreve aí Soli. Seu blog está uma pobreza". rs "Cadê a Poesia"?! Obrigada viu! Tomara que lhe seja útil as coisinhas que postei hoje. Hoje que Flora Maria desmaiou na cozinha... Um susto! Mas agora está tudo bem. Ela se alimenta mal quando está solita em casa. E você sabe, ando agitada pela correria do papel !... Um grande, imensamente feliz e com Poesia (em tempo) abraço! Sua eterna amiga, Soli

Tentativa de Cordel - Sobre a Influência deste na "Literatura chamada de grande"

DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES DISCIPLINA LITERATURA DO CACAU I – LTA 058 DOCENTE: REHENIGLEI REHEM Professora Reheniglei Propôs para nosso grupo Uma leitura importante. De um texto muito bom, Palavras muito pujantes, De um autor pesquisador Chamado Mark Curran. Esse moço inteligente Entendeu depois de estudos Que o Cordel foi sempre fonte De inspiração para muitos Escritores importantes. Citou o nome de alguns, Mas escavacou foi dois. Falou sobre Jorge Amado Que foi sabido bastante. Foi o primeiro a escrever Influenciado sim Pela escrita do poeta Que se mistura com o povo. Esse escritor baiano, Esperto feito coruja, Usou de tudo um pouco Da cultura do folheto. Dessa linguagem bonita Que já foi discriminada Por ser coisa popular. Veja só, esse escritor Romancista de mão cheia, Inspirou-se nos cordéis Historietas profundas: Coisa viva de emoção Porque povo e poesia É rima que erra não. Amado pegou o jeito As palavras, a ideia, O corpo do cordel mesmo. Botou dentro das histórias Bonitas

Poema de acreditar

O que quer que aconteça vou querer. Combaterei o frio por você. Enxugarei os caminhos. Quando os dias parecerem frios vou aquecer. Tudo o mais que aconteça... Temo muito eu sei, mas deixa estar, que meu peito não teme se me abraçar.

O GRUPO

Na descrição inicial, o autor narra a figura do que seria o grupo a que se destinará a falar. Em seguida diz que o grupo é fragmento unido. Ou seja, somos, seria este grupo, reunião de emoções, sobretudo de sentimentos comuns, os mais vulneráveis possíveis. No entanto, em sendo grupo, não saberiam se proteger. Seria, então, reunião inútil... Reunião inútil, porque não se completa em suas incompletudes. Não se protegem. Sabe este grupo de doze, trinta e seis pessoas, mais, menos pessoas? Sabe o que seja a ideia verdadeira de grupo? Estariam verdadeiramente unidos, apenas, pela certeza da morte e da dor. O grupo seria uma reunião de seres que dizem ser grupo, apenas, na hora do caos. Mas nessa hora, seria grupo, porque haveria o medo de o caos se instalar próximo demais deste. São humanos buscando pela humanidade que ainda não teriam aprendido, apreendido. A arrumação da crônica deste autor indica que sabe sobre o que está narrando. Primeiro explica e depois conflitua. Acaba com a ideia
Insisto. A vida pede respostas. Invisto. Livros, Cursos, Apostilas... Qual nada. A vida não é assim: tudo ou nada. A vida é outra coisa... Bobagem minha filha, sua incapacidade é incapacidade e acabou. A vida é simples sim. Vem, acerta ou erra. Vem quita ou se estrumbica mais e acabou. Poesia é para outras esferas...

LANÇAMENTO DO MEU LIVRO: ALI LONGE NO MAR.

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Professor Dr. Odilon Pinto. Ou simplesmente "O maravilhoso Odilon" como chamamos eu e a Turma Letras 2007 até hoje. Foram três semestres maravilhosos na companhia desse "profissional" da Educação. De camisa amarela, com meu livro na mão, Professor Samuel - Diretor do DLA. Sempre solícito, sempre disposto para ajudar. Sempre presente! OBRIGADA!

Para os 33 homens soterrados em uma mina de ouro no Chile

No escuro estão trinta e três homens. Debaixo de muita terra, debaixo. A muitos metros de nós. Há muitos metros estamos da dignidade deles, em sofrer tamanho destino com o sorriso na frente. Com o sorriso na frente, mandam cartas para os pais, para a mulher e os filhos: dizendo palavras firmes. Palavras para estes homens, lá debaixo, bem debaixo da terra, são mágicas poções que podem causar alegria. Alguns homens aqui "em cima" usam tantas palavras bonitas para abrir ou magoar feridas... Meu Deus, velai por estes aqui "de cima". Os que estão lá embaixo, bem abaixo de todos nós, estão muito mais acima! Usam as palavras, de maneira digna.

SENHOR

Senhor, Que eu não seja a que fere, a que fala sobre bobagens que firam. Que eu não seja a que leva tristeza e que não seja a que não adianta passo nenhum, de ninguém... Que eu não seja a que instiga dúvidas incoerentes. Que todo o sentimento que eu cause seja para o alto e para o bem.

RAFAELA

Não suma. Não desista de amar, não desista de ser e de estar. Não pense que lhe esqueci. A ternura não diminui por conta de uns km. rsrsrs

Momento de razão

Corta minhas asas se eu quiser voar para longe de Ti. Apara meus sentimentos se eles quiserem amar errado. Dissipa meu tempo se eu não souber aproveitá-lo. Amém

SOBRE O LANÇAMENTO DO MEU LIVRO LIVRO: ALI LONGE NO MAR

Meus amados e respeitados leitores amigos, vou me organizar para postar aqui, fotos do Lançamento do meu livro ALI LONGE NO MAR. O evento aconteceu dia 05-08-2010 e foi um sucesso. Um sucesso no sentido mais sincero da palavra, pois estiveram lá, as pessoas que gostaria que estivessem (inclusive as que não puderam estar). Em tempo, passo o nome da Editora: Scortecci . Tenho alguns livros ainda, quem quiser, quem se interessar, pode adquirir comigo. 3617-5556 8811-7396 Rua Bela Vista, 59 Mangabinha Itabuna-Bahia Um abraço poético! Solineide Maria
Não saia de repente. Guarde a chave da frente e volte quando quiser. Não fique sem palavras, entre e sinta-se a vontade quando der na telha de querer voltar.
As palavras me pegam de surpresa. Todo dia é assim e sobre a mesa nem sempre há exatidão. Exatidão não é coisa da palavra. Elas colhem em nós o mais difícil de expor, de descrever. Fatalmente "erramos" em algum trecho do discurso: falado ou escrito. Inda tem a ortografia e a gramática! Meu Deus! Essas orações todas que existem... As palavras seguram no meu braço, pedem voz. O que faço! Às vezes desespero. Porque nem sempre consigo bem dizer... Então lembro que antes era o nada E que Deus deu assim de dizer: FAÇA-SE O VERBO! E Ele habitou entre nós. Por isso, peço a Deus Muita coragem, Muita sensatez e mais Adestramento. Tudo vem Dele e para Ele deve ser. Amém!

AGRADECIMENTO

Deus é tudo. É Pai e Mãe, Irmão e Primo. E sete vezes Perdoa. E Setenta vezes sete Perdoa. E se zanga, mas não joga a gente fora da proa. A gente prossegue, em outros convés da mesma embarcação VIDA. Obrigada meu DEUS pelo dom da VIDA e da palavra escrita.

Filho: ter ou não ter?

Filho é coisa de outro mundo. Doi as pernas, cresce o útero, pesa, bole e esguincha, a mãe (serena) sorri... Filho é assim. Causa streas, causa inchaço, causa dores quase inumanas: mas passa depois que nasce. Filho: ter ou não ter? Como saber da boa sensação do olho no olho na hora de amamentar? Como saber da agonia de febres hediondas, e da queda de cima da estante? E como descrever a alegria do abraço da mão tão pequenininha no nosso dedo polegar? Filho: ter ou não ter? continua...

PARA TODOS OS AMORES-QUASE VIVIDOS

Ainda que amahã não seja tarde a tarde que me vem, que seja dia. Ainda que amanhã as seis da tarde Você nem lembre mais dos nossos dias... Ainda que me esqueça lá no fundo, vai sempre existir a agonia de termos visto alguns luares nus exercerem em nossos olhos simbologias. Esqueçerás tudo o mais, quem sabe amanhã, quem sabe um dia. No entanto, não poderás jamais, apagar de tuas linhas, resquícios de minha poesia.

SEPARAÇÃO AMIGÁVEL

Quando for embora lembre de acordar mais cedo e não fazer barulho. Reflita que não terá outra chance escovando os dentes. Repense: é isso? Quero ir para nunca mais, eu aguento? Lembre que amanhã vence a antepenúltima parcela desse apartamento. Nosso? Dividiremos então? Lembre-se de cancelar com o homem dos armários. Lembre-se que a escola dos meninos aumentou. Este mês eu pago... Esqueça tudo o mais que ontem a gente se falou... Muita bobagem. Até que durou. Vinte anos! Depois a gente se fala. Não foi sempre assim? Depois, depois, depois...

Capaz V

Talvez minha emoção Seja muito frágil, E canse logo. Anda aflita (coitada) por Palavras Que digam mais Do que frases desconexas. Capaz...

Capaz IV

Capaz que seja amor o que se sente, quando o sexo pega, abraça e come. Capaz que seja apenas fome. Capaz? Para responder à Rafaela, sobre romances indecisos.

Capaz III

Na escrivaninha está perdido o meu diário. Enquanto busco uma palavra que fale baixo, procuro ele. Diários são viagens ao contrário. São coisas ditas de algum modo, especial. Às vezes são a terapia fundamental. Capaz...

Capaz II

Minha poesia está perdida, abre a geladeira várias vezes durante a noite. Não é comida o que deseja. Minha poesia está tristíssima; chorou, ontem, de saudade. Acho que nela funcionaria um certo abraço. Capaz...

Capaz...

Minha poesia está fraquinha, Deve ser o inverno. Essas manhãs frias. Deve ser a falta de sua companhia. Capaz...

NO BANCO DO BRASIL

Vim abrir uma conta. A moça que abre conta não veio. E agora? E agora nada. Só amanhã... Mas eu preciso dessa conta pra hoje! É, mas não posso fazer nada. É assim mesmo, vocês não fazem nada, nunca! Meu Deus que absurdo! Aqui ninguém trabalha mesmo. Próximo...

Água pura

Onde será que há Que existe Ainda, Alguma coisa que seja leve E que o medo ainda não tenha erguido Suas mãos de covardia E pressa, e preguiça? Onde será Que a alameda é mais bonita E que as árvores sejam Enfeitadas de um verde-verdadeiro; Folhas, folhagens, fidelidade Sã da natureza em festa? Onde será que a palavra “amor” Não tenha perdido a beleza, O viço, vozear da verdade De uma verdade que onde será Que há? Onde, a verdade? Há verdade? Onde será que meu amor Por você foi parar? Andou tanto, Pra lá Pra cá, Parou. Onde será? A onde está? Será que algum vento, vadio, virulento Levou meu amor por você? Onde a paz que nunca descansa, Querendo existir Está gora? Sentada na sarjeta de uma Praça pequena e pobre? Pensar que ontem, Algum tempo atrás, Pouco tempo; Estive a ver meninos Brincando de bola de gude, Ouvindo o som da chuva numa janela Lilás-desbotante. A alegria era a brandura, A verdade existia, era pueril. Onde está a primeira palavra Aquela que não foi verbalizada Em palavra, p

ATOS DE AMOR

Minha mãe é fruto da roça. Oriunda de uma grande família: pai, mãe, onze irmãos. Carinho para eles era uma fala mais mansa da mãe. Abraços e beijinhos, nem sempre. A preocupação pelo sustento da prole, por parte de meu avô, era maior do que o tempo para afagos. Minha avó, segundo consta, era rezadeira e parteira, dava de si para o outro. Linda profissão, que ela exercia com o maior amor. Ela não tinha como profissão, fazia por quem necessitasse. Vocação? Não sei. Quem sabe... E o que ganhava não era dinheiro não, era prece, uma galinha, uma semente disso, daquilo. A vida na roça era difícil, porque era década de 30. Tudo longe, quase no fim do mundo... Eles não eram grandes latifundiários, tinham uma grande porção de terra. No entanto, não tinham condição de tratar desta, de maneira a se tornarem fazendeiros renomados. Quando minha avó saia para os afazeres do dia-a-dia, deixava a menina maior, cuidando dos menores. Sempre foi assim, até todos eles se criarem. Carinho? Afago? Acho que